Disputa pela presidência do Botafogo SA vai parar na Justiça

Imagem ilustrativa | Foto: Antônio Melo

IGOR RAMOS – Assolados por dívidas e com as receitas em queda, muitos clubes de futebol do Brasil encontraram na formação de uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol) um caminho para sobreviver. Cruzeiro, Bahia, Vasco,são alguns exemplos. Em Ribeirão Preto o Comercial esboça acordos, mas ainda está em fase de análises. No Botafogo, a relação entre investidores e conselheiros, contudo, nem sempre é harmoniosa.

No Botafogo, time de Ribeirão Preto que disputa a série B do Campeonato Brasileiro e a elite do Paulista, a presidência da empresa que cuida do futebol colocou em lados opostos a diretoria da entidade e o empresário Adalberto Panzenboeck Baptista, ex-diretor de futebol do São Paulo Futebol Clube e dono da Trexx Investimentos, acionista minoritária da Botafogo Futebol SA.

Por contrato, cabe ao Botafogo Futebol Clube, sócio majoritário da empresa, com 60% das ações, a indicação do presidente da SA e aos investidores a presidência do Conselho de Administração da SA, cargo ocupado por Baptista, além da escolha do diretor administrativo e financeiro.

Desde dezembro, a presidência do Botafogo Futebol Clube tenta fazer com que o parceiro efetive a posse do advogado e jornalista Eduardo Augusto Schiavoni, indicado pelo Botafogo FC, para a função de presidente da SA.

Desde então, o conselho de administração da Botafogo SA, que deve dar a posse, realizou três reuniões. Em duas delas, segundo conselheiros, Adalberto Baptista afirmou que não acataria a nomeação feita pelo BFC, mas determinou que a recusa não constasse em ata.

O presidente do clube, Eduardo Esteves, enviou ofício ao Conselho de Administração da SA no final de março, cobrando a nomeação. Nova reunião do órgão foi realizada na última semana sem que o assunto fosse sequer discutido.

Impedido de assumir a presidência, Schiavoni decidiu processar a Botafogo SA e seu principal investidor.

“A postura dos investidores é de total desrespeito com a legislação e com instituição Botafogo. O estatuto e o acordo de acionistas são claros sobre a prerrogativa do clube de indicar o presidente”, afirma Schiavoni, que advoga em causa própria no processo.

O processo tramita no Juizado Especial Civil da Comarca de Ribeirão Preto, sob número 1017451-55.2023.8.26.0506.

Eduardo Schiavoni | Foto: Arquivo pessoal

Prejuízo

A ação também pede a responsabilização da pessoa física de Adalberto Baptista por lucros cessantes gerados ao autor da ação, já que o cargo é remunerado. A alegação é de que o imbróglio causa prejuízos financeiros.

Na ação, pede-se que a BFSA informe o salário do cargo de presidente executivo, bem como que a empresa e Adalberto Baptista sejam condenados ao ”pagamento de lucros cessantes no valor da remuneração mensal paga ao diretor-presidente da BFSA, pelo número de meses compreendidos entre a indicação do autor para o cargo, em dezembro de 2022, e sua efetiva posse”, diz um trecho da ação, que tramita na Justiça de Ribeirão Preto.

“Ao ser consultado, o advogado disse “ aceitei colocar meus interesses pessoais de lado em nome da defesa do Botafogo Futebol Clube, que vem sendo desrespeitado de todas as formas possíveis pelo sócio minoritário da empresa. Temos uma SA que não dá lucro, que tem prejuízos milionários e que afasta a cada dia o botafoguense da sua paixão. Ainda que com prejuízos profissionais e pessoais, aceito essa missão em defesa do clube que amo e que tenho visto, a cada dia, morrer um pouco nas mãos do investidor”.

Pendenga

A disputa judicial é mais uma envolvendo a Botafogo SA, o Botafogo Futebol Clube e Adalberto Baptista. Há uma ação judicial em curso, movida por conselheiros do clube, questionando o negócio. A Trexx comprou participação de 40% na BFSA com um aporte de R$ 8 milhões em 2018.

Há, anda, outra ação em curso, na qual o próprio Botafogo FC questiona a transformação da Botafogo SA em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), que teria ocorrido sem a anuência dos Poderes do clube.

“Decidi ajuizar essa ação ao ver a foto de nosso sócio minoritário abraçado com o ex-presidente Gerson Engracia, expulso do Conselho Deliberativo do Botafogo por patrocinar documentos fraudulentos e gestão temerária. Na mesma foto, uma série de ex-presidentes e cartolas sobre os quais pesam denúncias seríssimas envolvendo negociatas. O Botafogo não é dessa gente”, afirma o advogado.

Ainda não há uma nova data pra reunião do Conselho Deliberativo. Adalberto surfa na boa campanha do clube na Série B , depois de sofrer ameaças quando clube foi rebaixado da segunda para a terceira divisão nacional e ter ficado anos fora da segunda fase do Paulistão. O presidente da SA foi procurado, mas não foi localizado. Na ocasião, segundo assessoria de imprensa do clube, estava viajando para a Argentina.

 

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