A transexual Alice Garrefa, 25, que desapareceu em Ribeirão Preto no dia 3 de agosto próximo passado e foi localizada com as mãos amarradas nas costas, sem vida, no Rio Piracicaba, teria uma dívida de R$ 5 mil com o investigado, e isso teria motivado o homicídio, segundo o delegado da Polícia Civil, Rodofo Sebba.
José Martins Ayres Júnior, 55, é o principal suspeito do assassinato da maquiadora.
O corretor de seguros, como se declarou e domiciliado em Florianópolis, depôs na manhã desta quarta-feira (2) na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto.
Indiciado por homicídio, está preso temporariamente na Cadeia de Santa Rosa de Viterbo, desde de 21 de agosto, após ser detido em uma avenida na cidade de São Paulo.
Alexandre Faleiros, o advogado na defesa, negou que o seu cliente cometeu o crime e, diisse que irá protocolar um pedido de habeas corpus à Justiça, em favor do retido no sistema prisional paulista.
No depoimento prestado ao delegado Rodolfo Sebba, responsável pela investigação do caso, o indiciado relatou um relacionamento com a vítima entre agosto a dezembro de 2019, quando Alice Garrefa morou em Florianópolis.
O depoente manifestou para o delegado que conheceu a transexual em um local de prostituição naquela cidade e, em seguida, ela teria ido morar com dele.
Dívida
Neste período, segundo Ayres Júnior, a jovem teria contraído a dívida consigo, para adquirir mercadorias e drogas.
O delegado Sebba comentou que “ele foi encontrando com ela e fomentou uma amizade. Alegou também que ela pediu ajuda, porque estava com algumas dívidas, e ele resgatou e acolheu ela”.
Em dezembro passado, teria terminado o relacionamento e a maquiadora mudou da capital catarinense para a cidade de São Paulo e, seguida, veio para Ribeirão Preto.
O delegado esclareceu ainda, que neste ano, nos últimos meses, Alice foi ameaçada várias vezes de morte pelo investigado, em mensagens no celular, relacionadas com a cobrança da dívida.
No inquérito policial, consta que Ayres Júnior “contratou” um homem por R$ 500 para marcar um encontro com a vítima em um motel, na zona Leste de Ribeirão Preto.
A intenção seria, conforme o depoimento, cobrar a dívida. Em imagens registradas por câmera de segurança, a trans foi vista viva, pela última vez, em 3 de agosto.
O “contratado” também foi incumbido em acompanhar o corretor de seguros na viagem de Florianópolis até Ribeirão Preto. Ele é investigado por suspeita de envolvimento no crime, mas não foi localizado, ainda.
O delegado esclareceu que “Ayres Júnior conseguiu contato com ela por anúncios de sites de acompanhantes e agendou o encontro. Ele falou que queria atrair a maquiadora para o motel porque queria conversar com ela”, disse Sebba.
No depoimento, o corretor disse que, após o encontro, levou Alice até um hotel nas proximidades do Terminal Interubano de Ribeirão Preto e retornou para Florianópolis. O delegado contradiz a informação, afirmando que é falsa.
“A investigação não consegue comprovar que é verdade. A gente tem outras informações e acreditamos que essa narrativa não é verídica”, falou Sebba.
Nas imagens captadas por câmeras de segurança e recibos de pedágios, a Polícia Civil constatou que o veículo do corretor seguiu viagem na direção da região de Campinas e trafegou nas rodovias da região de Americana, onde o corpo da jovem foi encontrado.
Sebba mencionou que “a investigação tem registros de pedágios, de câmeras, de tudo que a gente tem de monitoramento de veículos, que comprovam que ele passou bem em cima da ponte do Rio Piracicaba”, diz o delegado.É o carro que ele entrou no motel e saiu rapidamente”, explicou.
Uma perícia no carro do corretor será realizada para abastecer a investigação.
O inquérito deve ser concluído em até 40 dias,.A prisão temporária do investigado pode ser prorrogada, na expectativa do delegado. “A morte da vítima interessava a este indivíduo, que tentou arrebatar ela em outros momentos, que se deslocou até Ribeirão Preto, armou um encontro falso e o caminho que ele tomou foi exatamente onde o corpo foi deixado. É uma série de indícios, apesar da negativa dele”, concluiu Sebba.
Um outro suspeito, preso no dia 12 de agosto passado, foi libertado. Não foi comprovada a participação dele no crime.