A Câmara de Ribeirão Preto aprovou por 19 votos, durante a Sessão Ordinária desta segunda-feira (10), o afastamento do vereador Bigodini (MDB) por seis meses.
A Sessão foi marcada por protestos contra o vereador indiciado por fraude processual, embriaguez ao volante e falsidade ideológica, e um discurso emocionado de Diácono Ramos justificando a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Segundo Diácono, que preside o Conselho de Ética, a escolha pela suspensão – que é preventiva, como afirmado pelo próprio vereador – se deu pela falta de julgamento e condenação do político.
A suspensão, de acordo com o presidente do Conselho, “demonstra seriedade sem atropelar o direito à ampla defesa. Eu deixo claro que se houver condenação judicial, se a justiça determinar o afastamento ou a cassação, eu serei o primeiro a defender essa medida. Até lá, nosso papel é garantir que a ética prevaleça”, continuou.
Ainda conforme discursado por Diácono Ramos, “enquanto o processo segue em análise pelo Ministério Público, essa Comissão com prudência e senso de dever, decidiu afastá-lo por seis meses, inclusive sem remuneração. Eu acredito na Justiça, mas também acredito também no direito de defesa e no princípio de que ninguém deve ser condenado sem julgamento. É preciso equilíbrio”.
Para ser aprovado, o projeto precisaria de, no mínimo, 12 votos favoráveis. Com 19 manifestações positivas, o vereador teve o afastamento aceito, já em validade a partir desta terça-feira (11). Durante os 180 dias corridos de punição, Bigodini não receberá salários, porém serão mantidos os direitos políticos e o vínculo parlamentar do barbeiro.
Apenas o próprio Bigodini não votou o Projeto de Resolução. Daniel do Busão (PL) e Paulo Modas (PSD) não estiveram presentes na Sessão.

Álcool, direção perigosa, mentiras e indiciamento
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã de 24 de outubro, a Polícia Civil confirmou que o vereador Bigodini (MDB) conduzia o veículo que atropelou uma árvore da avenida do Café, durante a madrugada de 28 de setembro.
Além da direção do veículo, os agentes competentes apuraram que Bigodini pilotava em alta velocidade e sofria alteração alcóolica quando acidentado. Na rodovia Anhanguera, por exemplo, o político foi filmado pilotando a 183 km/h.
Para o registro da ocorrência em seguida ao sinistro, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, uma mulher de 29 anos teria se apresentado como condutora do veículo. Mesmo sem sinal de embriaguez, a suposta motorista não apresentou a Carteira Nacional de Habilitação, por não possuir o documento.
A afirmação, entretanto, foi rapidamente contestada por vídeos amadores publicados nas redes sociais. Nas imagens, após o acidente, Bigodini foi filmado deixando o banco do motorista do carro, enquanto a mulher descia simultaneamente pelo lado passageiro do veículo. As imagens auxiliaram a elucidação do fato investigado.
“Após a apuração foi possível concluir que era o vereador quem dirigia o veículo no momento do acidente. E não só no momento do acidente, há provas de que várias horas antes do acidente em diversos locais, ele havia ingerido bebida alcoólica e também dirigiu o veículo na sequência”, retrucou a Civil.
Ainda segundo informado pelo registro policial inicial, o veículo acidentado era alugado. Os dois ocupantes se recusaram a realizar o teste do bafômetro.
Conforme esclarecido na coletiva, Bigodini responderá por embriaguez ao volante, falsidade ideológica e fraude processual.
Na ocasião, em comunicado à imprensa, publicado na tarde da mesma sexta-feira, a defesa do vereador se manifestou publicamente e alegou que “uma vez mais, tomou conhecimento, por meio das mídias digitais, da existência de novos elementos probatórios que foram juntados aos autos apenas nesta data (24)”.
Disse ainda que foram anexadas novas 233 folgas ao processo, “motivo pelo qual não houve tempo hábil para que a defesa procedesse à análise minuciosa de todo o conteúdo apresentado”.
Assista a Sessão na íntegra:



