Enfermeiro afirma que Secretaria de Saúde sabia de fura fila em Franca

A afirmação foi feita à Frente Parlamentar contra o coronavírus, nesta segunda-feira

Enfermeiro Fabrício Ribeiro de Campos em reunião da Frente Parlamentar. Foto: Divulgação/Câmara de Franca

O enfermeiro Fabrício Ribeiro de Campos, que trabalhou na Vigilância Epidemiológica de Franca, afirmou à Frente Parlamentar contra o Coronavírus, nesta segunda-feira (14) pela manhã, que a Secretaria de Saúde sabia sobre a vacinação contra covid-19 de familiares de servidores e que também imunizou pessoas fora do grupo prioritário porque não havia equipe específica para comunicar quem deveria ser vacinado. Para não perder frascos já abertos, algumas pessoas fora dos grupos eram imunizadas.

No começo do trabalho da equipe da Câmara de Vereadores, o secretário municipal de Saúde, Lucas Souza, alegou que não sabia que familiares de servidores eram vacinados, mesmo que fora do grupo prioritário.

“Ele explicou que o papel da Vigilância era o de traçar estratégias de vacinação contra a covid-19 e distribuir as doses recebidas. Indagado sobre a xepa (sobra de doses em frascos abertos, que precisam ser aplicadas em poucas horas antes de perderem a eficácia), Campos esclareceu que foram seguidas as notas técnicas do Ministério da Saúde, que preconizou a aplicação em idosos e profissionais da saúde e orientou a não descartar nenhuma dose. Fabrício revelou ter vacinado um guarda municipal que não era idoso ou profissional da saúde (mas cujas funções incluíam patrulhamentos nos prontos-socorros municipais) porque faltavam apenas cinco minutos para a aplicação de uma determinada dose. Campos informou que a Secretaria Municipal de Saúde sabia como a Vigilância estava aplicando as doses da xepa”, informou a Câmara, por meio de nota.

O servidor, que foi trocado de cargo em abril e passou a trabalhar, então, no Pronto-Socorro Infantil, explicou que havia uma central para comunicar a população que precisava ser vacinada. Os nomes dos interessados eram anotados e contatados se alguma dose extra retornasse para o órgão municipal no final do dia. Muitas vezes, os munícipes não podiam se deslocar até a Vigilância naquele momento, o que causou imunizações de última hora, como parentes de servidores.

“Não tínhamos profissionais disponíveis para ficar só ligando para as pessoas da lista. Faltava pessoal na Vigilância. Era como trocar a roda com o carro andando”, explicou.

Quem também prestou esclarecimento em reunião com a Frente Parlamentar nesta segunda-feira (14) foi a diretora do Departamento da Atenção Básica, Leziane Vilela. “Não tenho conhecimento de aplicação de sobra técnica nas unidades básicas. Elas se reportam muito à Vigilância quando há dúvidas sobre a vacinação”, afirmou Leziane. Durante depoimento anterior, a enfermeira Marina Freitas disse à comissão que a aplicação de xepas ocorriam em UBSs.

Tanto Leziane como Fabrício Ribeiro de Campos afirmaram não ter vacinado parentes próprios com as xepas.

A Frente Parlamentar contra o Coronavírus da Câmara Municipal de Franca reuniu-se nesta segunda com os vereadores Donizete da Farmácia (MDB), o presidente da comissão; e os membros Gilson Pelizaro (PT) e Lurdinha Granzotte (PSL), além de funcionários da Casa de Leis.

“A nossa intenção, desde o começo, foi buscar informações para melhorar o atendimento. E hoje percebemos que há falta de pessoas para trabalhar na Vigilância Epidemiológica. É serviço demais e os servidores não estão dando conta. O prefeito Alexandre Ferreira (MDB) irá contratar 80 técnicos de enfermagem e 12 enfermeiros, e esperamos que alguns desses funcionários sejam destinados à Vigilância Epidemiológica. Em no máximo dez dias, todos os membros da Frente Parlamentar vão se reunir novamente para debater o que já chegou ao nosso conhecimento. Depois disso, faremos um relatório do que apuramos e concluiremos nosso trabalho”, comentou Donizete da Farmácia.

Constatação anterior

Em depoimento à Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Coronavírus, da Câmara de Franca, em maio, o ex-chefe da Vigilância Sanitária, Caio Carvalho, reconheceu que dois parentes dele foram vacinados com a sobra de doses dos frascos da vacina contra a covid-19. Ambos iriam completar 64 anos uma semana depois de quando receberam a dose. Com isso, ele antecipou a vacinação dos dois.

Cleber Benedito, ex-chefe da Vigilância Epidemiológica, disse também em maio que em 9 de março houve a sobra de 24 doses e parentes próximos que eram idosos acabaram recebendo essas doses. Cleber Benedito ainda apontou que a responsável pela Vigilância Epidemiológica do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Franca também colocou parente idoso para ser vacinado.

Fonte: F3Notícias

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