Um levantamento realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde traçou um panorama de como os hospitais paulistas estão lidando com a pandemia. A pesquisa mostrou que a grande maioria dos hospitais (86,4%) teve diminuição do número de atendimentos e procedimentos em decorrência da pandemia de Covid-19.
Segundo o levantamento, apenas 14,3% dos hospitais afirmaram estar realizando cirurgias eletivas de acordo com a agenda pré-estabelecida antes da pandemia. 33,3% dos respondentes afirmaram estar avaliando caso a caso e 28,6% só estão realizando cirurgias em casos de urgência/emergência. 27,6% dos entrevistados apontam aumento dos custos operacionais e dificuldades de negociação com as operadoras de saúde.
O resultado é preocupante e motivou o Sindicato e Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo e a Confederação Nacional de Saúde a lançarem uma campanha de alerta a pacientes, sociedade civil e profissionais da saúde sobre a necessidade de não se interromper o tratamento.
“O objetivo é evitar o agravamento no quadro de pacientes que dependem de tratamento contínuo para garantir a qualidade de vida ou mesmo a própria sobrevivência”, afirma o presidente das duas instituições, Yussif Ali Mere Jr. Segundo ele, cardiologia, oncologia, nefrologia (hemodiálises), obstetrícia (pré-natal), entre outras, estão no foco do esforço, assim como os cuidados pós-operatórios.
Segundo ele, os médicos são parte fundamental nessa luta. “Os médicos são atores principais desse esforço. Por isso, são convidados a participar ativamente da campanha, fortalecendo o contato com seus pacientes e tranquilizando-os”, acrescenta Yussif.
Além das medidas adotadas pelos estabelecimentos de saúde, os pacientes também devem adotar protocolos de segurança para sair de casa em segurança, evitar locais com aglomeração e usar máscaras.
Hemodiálise
Em Ribeirão Preto, a maior clínica de hemodiálise da cidade adotou medidas de prevenção desde o início do isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus. Dentre as medidas, a triagem por meio de avaliação médica e sala de isolamento para casos suspeitos. Os serviços ambulatoriais eletivos (consultas médicas), que atendiam cerca de 300 pacientes do SUS, convênios e particulares por mês, foram suspensos.
Há, segundo a médica nefrologista Maria Fernanda Ali Mere, dificuldades para a implantação das medidas de segurança. “Além da indisponibilidade para comprar os equipamentos de proteção, os preços subiram muito. Nosso atendimento é majoritariamente SUS e, com a tabela de preço fixo, assumimos o custo sem repassar. Além dos EPIs, os preços dos insumos têm aumentado muito, especialmente a heparina, e a tabela do SUS não é reajustada há 3 anos”, explica.
Em Ribeirão Preto, cerca de mil pessoas fazem hemodiálise, segundo a médica nefrologista Maria Fernanda, que atende a 40% da demanda pelo serviço em Ribeirão Preto, incluindo pacientes do SUS e particulares. Ela orienta os renais crônicos a usar máscaras de proteção, industrializadas ou caseiras. Todos passam por uma triagem para avaliar a temperatura e a possibilidade de comprometimentos respiratórios. Se constatado algum sintoma, o paciente é orientado a fazer o isolamento domiciliar até ser avaliado na próxima sessão de hemodiálise.