Quanta redundância! Esses termos, usados ai em cima, são comuns na vida moderna, não saem do nosso vocabulário e, a cada dia mais, não sabemos se temos um, ou outro, ou ainda todas essas condições. Calma, vamos explicar!
O estresse é uma ocorrência normal e necessária no mundo animal, é uma condição de adaptação, diante de uma situação nova, que requer atitude imediata, súbita (ação e reação). É sempre determinado por razões subjetivas: o que causa estresse em mim, pode não causar em você. Para que ocorra o estresse duas condições são necessárias: a predisposição do sujeito e as circunstâncias que favorecem, os chamados agentes ocasionais.
O fato de ser mais ou menos estressado tem componente genético. Recém-nascidos nos mostram isso. Quando observamos mais de um bebê conjuntamente, com mesmos cuidados, cada um tem sua forma particular de reagir ao frio, à fome, à necessidade de carinho.
Para o estressado, a recomendação é exercitar a paciência, o bom senso, a persistência e sua capacidade de se auto regular, pois é uma habilidade também própria do ser humano.
Você percebeu que estresse não é o mesmo que ansiedade, certo?
Ansiedade é um transtorno, muito desencadeado no estressado, que perdeu a capacidade adaptativa que falamos acima. Ao invés de contribuir para a adaptação, a ansiedade fará exatamente o contrário, causando a falência deste mecanismo a um ponto crítico e excessivo, causando uma infinidade de sensações no indivíduo, causando sofrimento crônico.
Consideramos a ansiedade como um permanente estado de apreensão, de alerta, de presunção de sofrimento, de incerteza (ufa! só de escrever já me deu aquela fadiga e medo!).
De modo resumido, podemos listar algumas sensações e sintomas que caracterizam o transtorno de ansiedade: tremores ou sensação de fraqueza, tensão ou dor muscular, inquietação, fadiga fácil, falta de ar ou sensação de fôlego curto, palpitações, sudorese, mãos frias e úmidas sem motivo aparente, boca seca, vertigens e tonturas, náuseas e diarreia de origem não infecciosa, rubor ou calafrios, polaciúria (necessidade de fazer xixi toda hora), “bolo” na garganta, impaciência, resposta exagerada à surpresa, dificuldade de concentração ou memória prejudicada, dificuldade em conciliar e manter o sono e irritabilidade.
Porém, sem a devida avaliação médica, observando tempo de sintomas, e características particulares a cada indivíduo, a ansiedade está sendo supernotificada e superdiagnosticada. Pior ainda, mal tratada!
Para o ser humano, a percepção da agressão depende mais do agente agredido que do agente agressor, ou seja, o estímulo estressor para desencadear a ansiedade depende em geral mais da sensibilidade da pessoa do que do estímulo recebido propriamente dito. Por fim, a ansiedade crônica, aquela que causa sofrimento constante por não saber lidar com estímulos externos ou circunstanciais, deve ser tratada através de psicoterapia prolongada e psicofármacos, no menor tempo possível, para obter estabilidade do tratamento.
Se engana quem acha que ser ansioso “faz parte”. Não obter controle deste transtorno pode levar o indivíduo ao esgotamento ou “esgotamento profissional, é um estado de estresse extremo e crônico, geralmente provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho” (cid 10).
O termo em inglês “burnout” significa queimar algo até o fim, onde nossas reservas de recursos para a adaptação se acabam. Nosso organismo entra em colapso, há alterações endócrinas significativas, principalmente nas glândulas suprarrenais, produtoras de de hormônios adrenalina e cortisol, vindo daí dificuldades no controle da pressão arterial, alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico, dos níveis de glicose do sangue, aumento de peso/gordura, entre muitas outras.
Psiquicamente a ansiedade crônica ou esgotamento leva à um estado de apatia, desinteresse, desânimo, irritabilidade e de pessimismo em relação à vida, o que consequentemente pode evoluir e chegar a depressão. Enfim, é uma situação muito complicada que se agrava quando tantas pessoas e profissionais relevam ou tratam inadequadamente, não acham? Busque ajuda profissional, mantenha sua saúde mental e física sob controle.