No corredor do Hospital Ribeirania, estavam enfileirados vários profissionais da saúde, nesta segunda-feira (9). Por ele, em uma cadeira de rodas, ao som de uma salva de palmas, passa a paciente de nº 1.500 a recuperar da Covid-19.
Camila Tozzo Martins Marcos, 44, ficou 23 dias internada, 15 deles foram em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permaneceu intubada por quatro dias. Nesta segunda, ela foi levada para casa pelo esposo e a nora.
Questionada sobre qual o sentimento de voltar para sua residência, ela afirma que não sabe como ilustrar. A situação descrita foi de ter feito uma longa viagem, em que se fica ansioso para chegar ao lar.
“Meu marido e minha nora me buscaram. O sentimento de chegar em casa, particularmente, não sei explicar. Parece mentira, o sentimento é de que fiz uma viagem longa e queria muito voltar, não tem lugar melhor que casa da gente. Me sinto flutuando”, afirmou Camila.
“Renasci”
A assessora de vendas conta que quando descobriu estar com o novo coronavírus, tinha acabado de sair de férias. Os sintomas começaram a aparecer cinco dias após o início do descanso, mas a princípio achou que não era Covid.
Depois de três dias, percebeu que estava perdendo o olfato o e paladar, além disso, o quadro começou a piorar. Por conta disso, veio a decisão de ir ao médico. O profissional solicitou o exame e o diagnóstico para a doença foi positivo.
A vontade de retornar ao hospital, em 17 de julho, apareceu com o início da sensação de sufocamento e falta de ar. Tempos depois, foi informada de que ficaria internada porque era necessário fazer uso de oxigênio, para que pudesse conseguir respirar.
Com o passar do tempo, devido ao agravamento do quadro, a máscara de oxigênio não foi mais suficiente. O médico, então, comunicou a ela a necessidade de intubação. Isso porque a paciente estava fazendo uso da capacidade máxima de oxigênio, entretanto por conta das dificuldades enfrentadas pelo sistema respiratório, era necessário uma ajuda ainda maior para o pulmão.
“O médico disse que iria fazer uma chamada de vídeo, para que eu pudesse conversar com meus familiares e, em seguida, me intubar. Pediu também para que eu confiasse nele. Naquele momento passou um filme pela minha cabeça”, contou a paciente.
Mas este não foi o único complicador de seu quadro. Durante o processo de internação, ela apresentou também um quadro de embolia e trombose pulmonar. O que a faz acreditar que tenha tido uma nova oportunidade de viver.
“Eu renasci. Tive muito medo, mas eu pensei na minha família e confiei bastante em Deus. O atendimento também foi algo que me manteve de pé, me senti acolhida. Embora os que cuidavam de mim estivessem de máscara, eu via amor e carinho no olhar deles”, finaliza.