Na correria da vida social, pessoal e profissional dos dias atuais tem se tornado cada vez mais comum a automatização e mecanização de ações rotineiras. E não é nada incomum aparelhos eletrônicos substituírem o exercício da memória e/ou da organização mental para lembrar horários dos remédios diários, de buscar filhos e netos na escola ou em atividades das mais variadas já existentes nas vidas de crianças, às vezes, ainda na primeira infância.
O excesso de estímulos eletrônicos, compromissos incessantes e crescentes na vida moderna têm exigido das pessoas cada vez mais eficiência, produtividade e proatividade. No entanto, com as exigências e expectativas do mundo e dos próprios indivíduos para consigo mesmos, sem uma válvula de escape sistemática e eficiente, a qualidade de vida tem entrado em declínio assim como a saúde mental. Então, dificuldade de concentração, de memória, de socialização e tolerância, prejuízo no sono reparador e o estresse como um todo passam a permear a vida das pessoas por meio do transtorno de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, hiperatividade mental entre tantas outras questões.
Atividades que tiram a mente da zona de conforto, a princípio, causam um certo estranhamento em quem está inserido em uma rotina repetitiva, exigente e de grau excessivo de cobrança. Este estranhamento, muitas vezes, pode causar resistência, mas é exatamente ele que garantirá a ruptura com um ciclo vicioso que tem posto em cheque a saúde de crianças, adolescentes, adultos e também idosos.
A socialização, a diversão, o desafio crescente e inovador dos exercícios cognitivos e mentais, a que se chama de exercícios para o cérebro, hoje, auxiliam no trabalho de habilidades que o estresse afeta diretamente, trazendo consequências como citado acima. Memória, atenção, raciocínio lógico, pensamento estratégico e dedutivo podem ser trabalhados e estimulados com o uso sistematizado de ferramentas que chegam, inclusive, a postergar o Alzheimer ao manter o cérebro ativo, possibilitando novas conexões neurais e criando reservas cognitivas, como garante o princípio da neuroplasticidade.
Graças à neuroplasticidade, capacidade do cérebro em se modificar e criar novas conexões neurais, a ginástica cerebral mantém as funções do cérebro sem os efeitos colaterais dos remédios. Assim sendo, a ginástica para o cérebro é para todas as idades e traz benefícios para a performance escolar, profissional e social de todos os indivíduos.
Considerando que a expectativa de vida aumentou significativamente nos últimos anos em todo o mundo, essencial é manter uma vida saudável com atividade física regular, alimentação equilibrada, como afirmam os especialistas em saúde. No entanto, os exercícios para o cérebro têm sido muito procurados e indicados por especialistas de várias áreas da saúde uma vez que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas do público 60+ será duas vezes maior até 2050. Segundo dados do IBGE, em 2030 haverá mais idosos do que crianças pela primeira vez na história do país.
Então, trazer para a própria vida exercícios que tirem o cérebro da zona de conforto constantemente é o caminho para deixar o cérebro mais ágil e saudável, encontrando caminhos mais flexíveis e menos desafiadores para realizar atividades diárias. Portanto, fazer sempre as mesmas atividades cerebrais – palavras cruzadas, leitura entre outras – não traz os benefícios cognitivos ideias, pois elas deixam de surtir o efeito necessário a partir do momento em que se torna comum ao cérebro. Daí a importância da sistematização dos estímulos, da variedade e do grau de desafio crescente e inovador.
Melhor a memória para pequenas situações cotidianas, como se lembrar onde guardou um objeto, dia e hora de compromissos, onde deixou as chaves do carro ou o celular proporcionam autonomia e diminuem o estresse na própria pessoa e no círculo familiar e/ou de amigos. Isto porque o tempo que seria dedicado à repetição de ações por falta de memória ou atenção pode ser aplicado em outras coisas: viver mais saudavelmente e feliz.
Assim, vale a pena pensar no exercício para o cérebro como um ato de amor a si mesmo e como aos que o rodeiam.