Faixa de cunho político gera confronto entre  polícia e torcedores do Botafogo

Torcida Resistência Caipira exibiu a faixa “Sem anistia” durante o jogo entre Botafogo e Palmeiras, o que causou ação da polícia, sob alegação de ferir o estatuto do torcedor, que proíbe esse tipo da manifestação política em estádios

O jogo do Botafogo e Palmeiras, ocorrido na noite desta quinta-feira (19), no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, quando o time palmeirense venceu por um a zero a equipe da casa, com um belíssimo gol de Raphael Veiga, extrapolou a fronteira do gramado e foi destaque policial e político nas arquibancadas da Arena Eurobike.

Torcedores do Botafogo, reunidos num grupo denominado “Resistência Caipira” (há cinco anos formado para contestar a transformação do Botafogo FC em Botafogo SA), assumiu um protesto silencioso, exibindo uma faixa com a frase “Sem Anistia” , em relação aos golpistas antidemocráticos, que invadiram e destruíram os prédios dos três poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília.

Policiais militares que trabalhavam na partida, foram orientados a retirar a faixa, sob alegação de que esse tipo de manifestação, contaria o que está no estatuto do torcedor, que proíbe qualquer ato político nas partidas de futebol.

A ação, segundo o advogado Juarez de Lima, que representa os torcedores, foi truculenta e desnecessária. Houve agressões por parte da polícia, inclusive com ferimentos a membros da torcida que, ainda segundo o casuístico, demonstravam uma violência que não se justificava, já que o protesto era ordeiro e democrático.

“ Não houve qualquer tentativa de diálogo. A polícia chegou de forma abrupta, violenta e repressora em relação à exibição da faixa. Não houve qualquer manifestação em favor deste ou daquele candidato, não houve palavras de ordem, nada que conste no estatuto do torcedor, foi uma manifestação calma e, principalmente, silenciosa” ressalta o advogado Juarez de Lima.

Essa mesma torcida, já havia participado, junto com outros setores da sociedade, do movimento Antifa (movimento mundial que combate o fascismo) que protestou contra a presença de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, na frente da 5a CSM. Embora sem nenhuma evidência, muitos participantes da Resistência Caipira acreditam que a ação da polícia esteja ligada a esse fato.

O presidente do PT de Ribeirão Preto, Jorge Roque, manifestou em nota, o posicionamento do partido:

“Companheiros e companheiras! O PT de Ribeirão Preto vem manifestar profundo repúdio à ação lados policiais militares que agrediram nosso companheiro José Augusto! Vem se solidarizar e parabenizar a Antifa por seu posicionamento acertado, de que não deve haver anistia aos golpistas. Vem se colocar a disposição para que o agressor e seus cúmplices sejam responsabilizados. Devemos cobrar as autoridades, o Ministério Público a frente, juntamente com os demais partidos, para que punam os responsáveis. Todo apoio à Antifa, toda a solidariedade ao Zé Augusto, pela punição dos responsáveis! Jorge Roque, Presidente do PT de Ribeirão Preto”.

O outro lado

O Portal da Thathi e o Grupo Thathi de Comunicação entraram em contato com a polícia militar para ouvir a versão deles do fato. Em nota, a PM esclareceu: ” A Polícia Militar esclarece que no dia 19 de janeiro de 2023, durante a partida entre as equipes do Botafogo e Palmeiras ocorrida no Estádio de futebol na cidade de Ribeirão Preto, uma equipe policial foi acionada no Posto de Comando informando que uma faixa que estava sendo exibida pela Torcida organizada do Botafogo estava causando animosidade e grande risco de enfrentamento entre outros torcedores que não concordavam com seus dizeres.

Diante dessa situação a equipe policial se deslocou até o local, contudo foi hostilizada pelos torcedores que a portavam, ocorrendo resistência e desobediência por parte de alguns torcedores mais exaltados. Dessa forma foi necessário o uso de força física moderada a fim de promover segurança aos participantes do evento e aos policiais.

Cabe-nos esclarecer que a mesma faixa havia sido impedida de entrar anteriormente, tendo-se por base o Estatuto do Torcedor e outros dispositivos legais estabelecidos com o objetivo de fomentar a paz nos estádios, no momento em que foi identificada ainda durante a revista policial. O material entrou no evento de forma clandestina e não identificada. O indivíduo que estava com a faixa desobedeceu a ordem dos policiais e foi conduzido à Central de Polícia Judiciária, onde foi confeccionado o Boletim de ocorrência de natureza Desobediência.

Esclarecemos, ainda, que torcedores devem solicitar à Polícia Militar, antecipadamente à realização evento, a entrada de faixas em eventos esportivos, com o intuito de que sejam avaliada quanto à capacidade de produzir efeitos que conduzam à quebra da ordem publica. Destacamos que a missão da Polícia Militar do Estado de São Paulo é proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater a criminalidade e preservar a ordem pública, sempre contando com a colaboração, parceria e participação da comunidade, para a alcançar a excelência
na prestação dos serviços de Segurança Pública ao Cidadão Paulista”.

Matéria atualizada às 15h50min, para acrescentar a nota da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

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