Folha e Globo retiram jornalistas do Palácio da Alvorada por falta de segurança

Veículos de comunicação temem por atitudes violentas de apoiadores do governo Bolsonaro

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Presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido) dá "banana" para jornalistas em resposta à reportagem - foto: Reprodução

O jornal Folha e o grupo Globo anunciaram, na última segunda-feira (25), a retirada de jornalistas do Palácio da Alvorada, onde cobriam diariamente os pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A medida foi tomada devido a falta de segurança no local para os profissionais da imprensa, diante das ameaças contínuas e presentes de apoiadores do atual presidente. Segundo o jornal O povo, um grupo de simpatizantes do governo atacou a imprensa hoje, insultando os jornalistas de “safados”, “comunistas” e “mídia lixo”. 

“São muitos os insultos e os apupos que os nossos profissionais vêm sofrendo dia a dia por parte dos militantes que ali se encontram, sem qualquer segurança para o trabalho jornalístico”, afirmou O Globo em carta endereçada ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional,General Augusto Heleno. O documento busca incentivar o governo a tomar providências cabíveis sobre a situação, e reforçar que as mídias não irão deixar de cobrir as declarações de Bolsonaro.

O jornal Folha afirmou que só retomará as atividades no local depois das garantias de segurança aos profissionais por parte do Palácio do Planalto. Assim como o Globo, o jornal também continuará apurando e investigando as declarações diárias do presidente.

Esta não é a primeira vez que um veículo de comunicação retira os jornalistas da sede do governo. Há um mês, o jornal Correio Braziliense retirou os jornalistas do local alegando os mesmos motivos, e ainda há relatos sobre outros veículos que estudam a retirada dos jornalistas, também devido ao crescimento das agressões.

 Bolsonaro

De acordo com um levantamento feito em 2019 pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Bolsonaro foi apontado como responsável por 58% das agressões contra os profissionais da imprensa.

Em um dos pronunciamentos, Bolsonaro carrega em suas mãos uma reportagem do jornal Folha do dia 5 de maio. O presidente então chama o meio de “canalha”, e manda jornalistas calarem a boca ao ser questionado sobre as suposta tentativa de intervenção dentro da Polícia Federal.

No dia 3 de maio, dia mundial da liberdade de imprensa e dois dias antes dos ataques do presidente, um protesto anti democrático, apoiado por Bolsonaro, aconteceu em frente ao Palácio do Planalto. Durante o ato, jornalistas de diversos meios foram agredidos e hostilizados por participantes do protesto. 

Nesta última segunda-feira (25), Bolsonaro fez novas críticas à imprensa. “No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo”, declarou. Após a afirmação, um grupo bolsonarista presente no local reagiu contra os jornalistas.

*Contém informações do jornal O povo.