Fundação de Ribeirão é eleita melhor ONG do Brasil

Às vésperas de completar 25 anos de existência, o Observatório do Livro tem cumprido, através de seus vários projetos e programas, o objetivo de desenvolver ações para estimular a leitura e ampliar noções de cidadania entre os recortes da população, de crianças e adolescentes periféricos a pessoas idosas e  privadas de liberdade. 

Mais do que isso, a instituição, que se notabilizou pelos diversos prêmios recebidos, busca oferecer aos seus beneficiários ferramentas que ampliem a sua concepção pessoal e coletiva de mundo.

O Observatório inovou, por exemplo, ao oferecer clubes de leitura virtuais durante a pandemia Coronavírus para a população acima de 60 anos. Isso contribuiu para aumentar ainda mais o impacto de inclusão digital nessa faixa etária do projeto original, que já era inovador, ao prever a leitura de eBooks em tablets a partir de uma biblioteca virtual com 30.000 títulos.

O projeto, que leva o apropriado nome de “Clube de Leitura 6.0”, já atendeu 3.525 pessoas idosas com idade entre 60 e 102 anos. Contrariando as pesquisas de leitura no País, os leitores idosos do projeto leem, em média, 12 livros ao ano, duas vezes e meia a média nacional de 4,9 livros/ano, segundo a pesquisa Retratos da Leitura (Instituto PróLivro/Itaú Cultural, 2020). 

Após a pandemia, a maioria dos clubes é presencial e acontece em cafeterias, livrarias, bibliotecas, outros espaços de convivência e em Instituições de Longa Permanência (ILPI).

Também para a população 60+ são oferecidos outros dois projetos. O projeto “Retomada” requalifica, profissionalmente, pessoas idosas e incentiva seu reingresso e/ou a permanência no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que propõe novas perspectivas de vida e potenciais fontes de renda. A ação, já em sua segunda edição e com 35 participantes, propicia formação teórica e prática em Biblioterapia e Mediação de Leitura e estimula o voluntariado.

O outro projeto, “Tomates verdes fritos”, é voltado para pessoas idosas em tratamento de câncer e doenças neurodegenerativas, com apoio de biblioterapeutas que também têm formação em Psicologia. São 576 pacientes atendidos em Ribeirão Preto em grupo ou individualmente, com uma média de 40,8 livros lidos ao ano.

Segundo o idealizador dos projetos, Galeno Amorim, que é presidente do Observatório e já dirigiu a Biblioteca Nacional, é importante ocupar o tempo livre das pessoas idosas enfermas com a leitura de livros literários, criando momentos de acolhimento, prazer, entretenimento e, ao mesmo tempo, escuta empática e reflexão.

O projeto atende, por exemplo, grupos de mulheres mastectomizadas e pacientes do SUS durante as sessões de hemodiálise. Já os atendimentos individuais acontecem em domicílio ou em consultório. Também são atendidos, em um grupo à parte, os cuidadores dos pacientes, com o uso da leitura como suporte emocional.

Outro projeto é o “Clube de Leitura 2.0”, no qual os beneficiários são adolescentes periféricos de 12 a 18 anos. Eles têm acesso a uma biblioteca virtual de 5.000 livros e leem em tablets e computadores. São 40 clubes em 10 cidades do Estado de São Paulo, com encontros semanais para as leituras e as sessões de Biblioterapia para falar sobre a obra lida e da própria vida. Nas 16 unidades da Fundação Casa atendidas, os encontros são virtuais e o número de adolescentes atendidos em medidas socioeducativas é 857. Eles leem, em média, sete livros por ano.

Há também o “Clube de Leitura no Cárcere”, que já impactou cerca de 10 mil pessoas presas e acontece desde 2009. Atualmente, é realizado em seis presídios da região de Ribeirão Preto, com 120 membros nos clubes. O projeto tem a parceria da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap) e a cada livro lido a pena é reduzida em 4 dias, até 48 dias por ano.

Lives com escritores e especialistas em leitura – São realizados inúmeros evento virtuais durante o ano para professores, bibliotecários e outros formadores de leitura, com a presença de renomados autores e especialistas. 

A última delas, por exemplo, a 4ª Jornada da Leitura no Cárcere, que atingiu 29.745 pessoas, a maior parte privadas de liberdade em penitenciárias em 15 estados, foi feita em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). 

Internacionalização das atividades – O Observatório chegou ao seu ano 24 com o início da internacionalização de suas atividades. 

A partir de discussões no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde a instituição ocupa uma cadeira como Observador Consultivo, a atuação se dará em países da África e da Ásia com apoio às políticas públicas do livro e leitura. O Coninler (Congresso Internacional de Leitura) reuniu, neste mês, na sua 6ª edição, duas dezenas de escritores, especialistas e artistas dos países dessa região.

Sobre o ranking das 100 melhores ONGs brasileiras e a escolha como a melhor instituição de Cultura em 2023, Galeno Amorim observa que o prêmio coroa um trabalho realizado com dedicação, amor e competência pela causa da leitura, buscando transformar realidades através dos livros. 

O Prêmio Melhores ONGs é realizado pelo Instituto Doar em parceria com O Mundo Que Queremos e tem apoio da Ambev

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