O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acredita que a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que libertou, praticamente sem restrições, a ex-prefeita Dárcy Vera, pode impedir que o dinheiro desviado no esquema de corrupção comandado pela ex-chefe do Executivo seja recuperado. A informação consta de nota divulgada nesta sexta-feira (6) pela instituição.
“Fato é, portanto, que a liberdade de Dárcy Vera evidentemente apenas lhe incentivará a adotar ainda outras manobras espúrias capazes de solapar e confundir a investigação em curso, bem como a garantir que se mantenham milhões de reais ilícitos e ativos na clandestinidade”, disse.
“Enquanto não houver a identificação e o bloqueio dos ativos, haverá risco de dissipação irreversível, o que inviabilizará sua recuperação. Enquanto não afastado o risco de dissipação do produto/proveito do crime, presente igualmente um risco maior de fuga, uma vez que a ex-prefeita condenada poderá se valer de recursos não bloqueados para custear a permanência e o anonimato em locais afastados”, diz a instituição.
Para o MP, a soltura de ex-prefeita (…) contrasta com a gravidade dos fatos e robustez das provas produzidas e com a condição de condenada a 18 anos por protagonizar um dos maiores esquemas de corrupção e desvios de recursos públicos da Ribeirão Preto.”, disse o Gaeco, em nota.
Trabalho
Ainda segundo a nota, a força-tarefa da Operação Sevandija foi capaz de desvendar e desarticular, pelo menos, quatro escandalosos esquemas criminosos dentro da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, “marcados por indicação de terceirizados em troca de apoio político, fraudes licitatórias no departamento de águas e na aquisição de catracas para escolas e o conluio para prática de peculato e corrupção com advogados e a entidade sindical, a revelar que a corrupção se tornou um método de governança na gestão da prefeita Dárcy Vera.”
Para o MP, não se trata de ato isolado. “Durante a malfada gestão de Dárcy Vera, com a participação direta do Poder Executivo local, cifras milionárias foram tragadas dos cofres públicos e colocadas na conta do povo para saciar o apetite de sevandijas, que, por anos, desfrutaram incólumes na bonança, enquanto a cidade definhava abandonada à própria sorte (…) Não estamos tratando de um ato isolado de corrupção e lavagem de dinheiro, mas de uma prática contínua e prolongada, cujos efeitos se estendem até o presente momento, envolvendo valores milionários de propina em cheques e em dinheiro, que, hoje, estão personificados em ativos, muitos deles ocultos e com livre disposição.”