Idade pode definir padrões no consumo turístico

Eduardo Silva Sant’Anna comenta as pesquisas que mostram que quando há crianças ou adolescentes na família, os gastos com turismo aumentam à medida que esses jovens envelhecem

Foto: Freepik

Um estudo da Universidade de Queensland (Austrália) publicado na revista Annals of Tourism Research demonstrou que diferentes faixas etárias apresentam padrões de consumo turístico –  como tipos de viagem, destinos, e compras feitas – semelhantes, mesmo entre gerações diferentes.

O estudo, conduzido pelo pesquisador Bob McKercher, mostra que jovens com idade ao redor dos 20 anos tendem a escolher os mesmos destinos turísticos. Segundo o pesquisador, para essa faixa etária viajar é uma forma de obter independência, e os jovens tendem a procurar experiências prazerosas e autênticas, independentemente de serem da geração X, Millennial, Z ou qualquer outra anterior.

No Brasil

Já no Brasil um estudo realizado por pesquisadores da USP analisou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 do IBGE e encontrou associações interessantes entre idade e consumo de turismo. Eduardo Silva Sant’Anna, doutorando em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH), explica que a idade dos membros da família tem um papel importante e ajuda a compor um retrato das desigualdades brasileiras.

De acordo com o pesquisador, quando há crianças ou adolescentes na família, os gastos com turismo começam a aumentar à medida que esses jovens envelhecem. O estudo também demonstrou que famílias “chefiadas” por homens tendem a gastar cada vez mais ao viajar com pessoas idosas e/ou crianças, seguindo a tendência de que quanto maior a idade, maior o consumo.

Diferenças

O estudo também realizou um recorte por composição étnica nas famílias, e concluiu que enquanto famílias exclusivamente brancas seguem a tendência de aumentar o consumo conforme a idade dos dependentes aumenta, famílias exclusivamente pretas e pardas tendem a aumentar significativamente o consumo apenas quando o jovem alcança os 15 anos.

A localização geográfica também impacta o consumo, e famílias oriundas de regiões metropolitanas seguem mais estritamente a tendência de aumentar os gastos de viagem conforme o integrante mais jovem envelhece. Para Eduardo Silva Sant’Anna, compreender esses padrões pode ajudar na gestão do turismo e no desenvolvimento de políticas públicas que abordem as desigualdades sociais no Brasil, além de abrir oportunidades para a exploração de novos nichos de mercado.

**Texto de Jornal da USP