A Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto já começou a campanha “Janeiro Roxo – Todos contra a hanseníase”, em parceria com a SBH-Sociedade Brasileira de Hansenologia. A campanha foi lançada nacionalmente em Ribeirão Preto em 2015. O mês Janeiro Roxo foi oficializado pelo Ministério da Saúde em 2016.
A avaliação epidemiológica da hanseníase é feita sempre em março do ano subsequente – portanto, os dados de 2022 ainda não estão disponíveis. A cidade tem um dos mais altos índices de detecção de casos da doença no Estado de São Paulo.
O Brasil perde apenas para a Índia em número de casos, concentra 93% dos casos das Américas e é o primeiro país em taxa de detecção – número de casos diagnosticados a cada 100 mil habitantes.
Em Ribeirão Preto, foram notificados 62 casos em 2015; 53 em 2016; 66 em 2017; 73 em 2018; 93 em 2019; 92 em 2020 e 2.019 casos em 2021.
A doença não está concentrada apenas em regiões ou bolsões de pobreza. “A hanseníase não escolhe sexo, condição econômica ou social. É uma doença provocada por um bacilo transmitido de pessoa doente para pessoa saudável. Em Ribeirão, a distribuição de casos pode ser vista em todas as regiões da cidade, das periferias à zona sul”, explica a dermatologista e hansenóloga Helena Lugão, diretora da SBH.
Ela ressalta que “há mais facilidade de transmissão do bacilo entre pessoas que vivem em aglomerados, situação ou locais sem condições sanitárias ideais, mas como o Brasil é um país de alta endemicidade para hanseníase, a doença está em todas as localidades”.
“Num país hiperendêmico para a hanseníase, a preocupação é em relação às localidades sem diagnóstico”, alerta o presidente da SBH, Claudio Salgado. Isso porque o país tem uma “endemia oculta altíssima” de hanseníase, por isso é preciso capacitar profissionais de saúde e orientar a população.
A SBH explica que aumenta significativamente os diagnósticos de hanseníase em localidades onde há hansenólogos atuando e onde são feitas ações de capacitação de profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento da doença, o que comprova o cenário de endemia oculta no país.
“Os números de Ribeirão Preto são consequência do trabalho de capacitação das unidades de atenção primária à saúde, os postinhos de saúde, associado à busca ativa de casos por meio de um questionário desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. Com isso, por um período, a cidade terá aumento de diagnósticos de hanseníase, ao mesmo tempo em que os pacientes entram em tratamento. Desta forma, a tendência é o diagnóstico precoce dos casos com queda de novos casos a médio e longo prazos, e assim a tão almejada quebra da cadeia de transmissão do bacilo para, enfim, conseguirmos controlar a hanseníase”, explica a secretária municipal da Saúde, Jane Aparecida Cristina.
Taxa de detecção
A taxa de detecção da hanseníase na cidade chegou a 30,41 casos por 100 mil habitantes em 2021, condição considerada de endemicidade “muito alta”, conforme os critérios da OMS-Organização Mundial da Saúde. A classificação “muito alta” vai de 20 a 39,99 casos por 100 mil habitantes. O Brasil encontra-se na classificação hiperendemicidade pela taxa igual ou maior a 40 casos por 100 mil habitantes.
Hanseníase tem cura
A doença tem cura, tem tratamento gratuito em todo o território nacional e o diagnóstico é clínico, ou seja, o paciente apresenta um conjunto de sinais e sintomas que podem ser identificados em consulta médica. Em tratamento, o doente deixa de transmitir a hanseníase.
Como o bacilo agride os nervos, o paciente os apresenta espessados, além de manchas irregulares avermelhadas ou esbranquiçadas pelo corpo. Em algumas áreas da pele pode haver perda de pelos, diminuição e até perda total de sensibilidade e ausência total ou parcial de suor, entre outros sintomas.
A campanha Todos contra a hanseníase é uma estratégia de diálogo com a sociedade para orientar sobre sinais e sintomas da doença, riscos do diagnóstico tardio e tratamento.