O jornalismo do TH+ Portal teve acesso à carta escrita por Elizabete Garnica, mãe do médico suspeito de envenenar uma professora de 37 anos, em Ribeirão Preto. A redação, escrita na prisão pela idosa de 67 anos, foi composta em 31 de maio e disponibilizada nesta quarta-feira (04).
Conforme escrito pela sogra da professora morta por envenenamento, a idosa afirma estar doente, com batedeira no coração e diarreia com sangue . “Estou muito doente, há vários dias que estou com muita fraqueza, batedeiras no coração, diarreia com sangue nas fezes, muita cólica na barriga “, abre o relato da suspeita detida.
A sogra da professora envenenada afirma ainda que está recebendo medicação no presídio, porém prefere não ingerir os medicamentos para Parkinson. “Eu não trouxe e achei melhor não tomá-los”, disse.
Ainda tratando sobre a saúde, a idosa suspeita de um quadro de dengue desde terça-feira (27). “A fraqueza é demais, ontem amanheci com muita gripe, tosse, sinusite”, escreveu. “Eles me dão remédio, mas a gripe continua”, explica a idosa detida.
Em seguida às atualizações sobre sua saúde, a idosa afirma a intenção de “deixar bem esclarecido” o caso, se declarando inocente após, também alegando a inocência do médico. “Nós nunca faríamos qualquer maldade com um ser-humano. Somos uma família de amor”.
“Eu me lembro que a minha querida e amada filha filha Nathália Garnica (tinha) me contado lá no meu aposento que que várias pessoas tinham pedido para ela arrumar veneno para rato, porque não conseguiam matar os ratos com aqueles quadradinhos de veneno para ratos”, escreveu a idosa. “Tinha que dar um jeito”, concluiu.
“Aí a Nathália me contou no outro final de semana, no meu apartamento (porque ela era a chefe de vigilância sanitária em Pontal) que ela tinha conseguido dois vidrinhos de um veneno chamado de chumbinho”, continua a carta. “Disse que ela ia dividir em pequenas doses e tentar matar os ratos colocando um pouquinho nos pedaços de queijo. Infelizmente, ela veio a falecer”, continua o relato escrito em cinco folhas de uma agenda.
Após o falecimento de Nathália Garnica, em fevereiro de 2025, a idosa afirma ter ido buscar as roupas e pertences da filha falecida. Neste momento, a idosa afirma ter se lembrado dos frascos com doses do chumbinho, mas nenhum recipiente fora localizado.
A idosa afirma que, além dos pertences e vestimentas, também resgatou uma caixa com remédios. Entre os medicamentos, estavam: Dipirona, remédios para trombose e pressão, omeprazol, vitaminas e potássio.
“Eu coloquei na minha bolsa a dipirona e o omeprazol, e no dia que eu fui na Larissa, eu falei para ela que eu não estava me sentindo muito bem (eu tinha chorado muito naquele dia) mas eu não queria incomodar a Viviane, então se eu poderia ir lá conversar com ela um pouquinho com ela, ai ela disse – pode vir sogra”.
Continua a redação: “A hora que eu cheguei lá, ela disse que tinha acabado de comer uma marmita congelada que ela comprava, e até me ofereceu”.
“A conclusão que cheguei nesses dias orando muito à Deus… A Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol. Não existe outra explicação”, finaliza a carta.
O Boletim de Ocorrência
Uma professora de 37 anos foi encontrada morta em um apartamento localizado no bairro Jardim Botânico, em Ribeirão Preto, em 22 de março.
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado como morte suspeita, o corpo teria sido localizado pelo médico, que acessou o apartamento e passou a buscar pela vítima nos cômodos do imóvel em seguida à falta de qualquer resposta ou manifestação a respeito das indagações, conforme relato.
Durante as buscas, a vítima foi encontrada desfalecida no banheiro. Diante do encontro da professora, o médico, que também era marido da vítima, passou a prestar os primeiros-socorros.
A professora foi colocada em uma cama para atendimento inicial e, além de prestar socorro, o homem também acionou as autoridades. Uma equipe médica do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionada e compareceu ao edifício.
A professora teve a morte atestada ainda no apartamento, tendo sido o corpo encaminhado para exames póstumos no IML (Instituto Médico Legal).







