Mais da metade dos lares da área rural ainda queima lixo no Brasil

O percentual de 51% é o menor já verificado no meio rural na série histórica divulgada pelo IBGE, mas pouco se alterou em relação a 2022 (51,2%)

Foto: ADPEC

Mais da metade dos domicílios localizados em áreas rurais do Brasil ainda recorria à queima de lixo como principal forma de descarte de resíduos em 2023. É o que indicam dados divulgados nesta sexta-feira (20) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No ano passado, a queima de lixo prevalecia em 51% dos lares fora das cidades. Isso equivale a 4,8 milhões de endereços de um total de 9,5 milhões no meio rural.

Há uma discrepância na comparação com os domicílios das áreas urbanas. Nas cidades, 0,4% dos lares ainda utilizavam a queima de lixo como principal opção em 2023. Considerando o total de endereços no Brasil, o percentual foi de 6,6% em igual período.

Os resultados ilustram a dificuldade que o país encontra ao tentar levar os serviços de coleta até as áreas mais afastadas dos centros urbanos.

O percentual de 51% é o menor já verificado no meio rural na série histórica divulgada pelo IBGE, mas pouco se alterou em relação a 2022 (51,2%).

A parcela era de 53,9% em 2016, ano inicial dos registros. A fonte das estatísticas é a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

“A área rural normalmente é mais afastada dos grandes centros, onde estão as empresas de limpeza. Então, talvez o custo de fazer a coleta em pontos mais distantes seja proibitivo para que os municípios aumentem a prática na região rural”, afirmou William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE.

O técnico acrescentou que, devido às dificuldades de recolhimento dos resíduos, também há uma ação “cultural” de realizar a queima de lixo em propriedades do interior do país.

Segundo as estimativas do IBGE, 14,5 milhões de pessoas viviam em domicílios rurais onde essa opção de descarte prevalecia. O contingente correspondia a 52,4% da população total no meio rural (27,7 milhões).

A Pnad, como o nome já diz, é uma pesquisa construída a partir de entrevistas com uma amostra da população. Essa parcela dos brasileiros é desenhada e atualizada pelo IBGE com base nos dados do Censo Demográfico, também divulgado pelo órgão. O Censo se propõe a visitar todos os lares do país.

O instituto, contudo, ainda não fez a calibragem da amostra da Pnad a partir dos números do recenseamento mais recente, relativo a 2022, ponderou William.

Na área rural, a coleta direta de lixo por serviços de limpeza era a principal forma de descarte dos resíduos em 33,4% dos domicílios em 2023. O percentual está bem abaixo dos verificados entre os lares urbanos (93,4%) e o total de endereços no país (86,1%).

Outra forma investigada pelo IBGE é a coleta de lixo em caçambas de serviços de limpeza. Essa opção era a principal para 10,9% dos domicílios no meio rural. A proporção é maior do que a verificada nas áreas urbanas (5,8%) e no total do país (6,5%).

No Amazonas, o percentual de domicílios que recorriam principalmente à queima de lixo foi de 88,8% no meio rural. Rondônia veio em seguida, com 77,7%.

As menores proporções nas áreas rurais foram registradas no Distrito Federal (7,2%) e no Rio de Janeiro (13,4%).

LEONARDO VIECELI / Folhapress

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