A Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) – que representa mais de 12 mil produtores de cana-de-açúcar – fez um novo balanço dos impactos dos incêndios que atingiram as propriedades rurais no estado de São Paulo e também em outras regiões do Brasil.
Os números contabilizam os incêndios registrados no fim de semana dos dias 24 e 25 de agosto e as ocorrências subsequentes até a quarta-feira (04).
Ao longo desse período, foram identificados mais de 2,3 mil focos de incêndios, que resultaram em mais de 100 mil hectares queimados em áreas de cana-de-açúcar e áreas de rebrota de cana e um prejuízo estimado de mais de R$ 800 milhões, pelos efeitos dos incêndios na cana em pé, nas soqueiras e na qualidade ruim da matéria-prima.
A quantidade de hectares queimados não contabiliza áreas de APP, reserva legal e pastagens.
O CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira, esclarece que devido às perdas, a cana só vai conseguir rebrotar quando tiver água no solo, quando as chuvas chegarem. “Esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para essas previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa e a rebrota da cana-de-açúcar aconteça de uma maneira mais tranquila”, afirma.
A organização ainda enaltece o anúncio feito pelo Ministério da Agricultura sobre uma linha de crédito específica para o replantio da cana-de-açúcar nas áreas produtoras afetadas pelas queimadas.
“Certamente teremos a necessidade de replantio e o crédito será um bom alento para os produtores de cana, que gastam, em média, R$ 13,5 mil para a eliminação da soqueira, da rebrota ruim e para a realização do plantio”, explica. “E, muitas vezes, os produtores não conseguem pagar isso em um ano, mas sim em duas ou três safras. Por isso, a linha de crédito irá ajudar”, completa.
Previsão para os próximos dias
A situação das queimadas no estado de São Paulo se agravou entre 2 de agosto e 3 de setembro, período em que 245 municípios foram atingidos pela incidência de fogo, 48 deles em alerta máximo.
Além disso, a estiagem ainda persiste no estado, fazendo de setembro um mês crítico e propiciando a piora no cenário dos incêndios.
De acordo com a meteorologista da Defesa Civil Desiree Brant, a previsão, pelo menos para os primeiros 20 dias de setembro, é de tempo seco.
Uma massa de ar seco deve impedir a chuva, favorecer temperaturas elevadas, reduzir a umidade do solo e aumentar o risco de fogo.
A Defesa Civil do Estado, por meio do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) , renovou até a próxima sexta-feira (6), o alerta de risco elevado para incêndios para as regiões norte, noroeste e oeste do estado.
O Mapa de Risco, que é uma das ferramentas tecnológicas que auxiliam a Defesa Civil no monitoramento de queimadas em vegetação durante o período da estiagem, indica grau máximo de risco nas respectivas faixas do território paulista.
Para os próximos dias, as regiões norte, noroeste e oeste do estado continuarão com o tempo seco e sem condições para precipitações. As temperaturas continuam em elevação, com a URA (Umidade Relativa do Ar) caindo, atingindo níveis mais críticos, ou seja, valores abaixo dos 20%, deixando a sensação de tempo quente e abafado.
Para São José do Rio Preto, Barretos, Ribeirão Preto e Rosana, as temperaturas devem ficar na casa dos 38ºC, com URA variando entre 14 e 21%. Temperatura máxima de 38°C e umidade relativa mínima na casa dos 21%.
Recomendações
Diante deste cenário, recomenda-se cuidados com a saúde que incluem hidratação constante, beber bastante água e se proteger do sol. A prática de atividade física ao ar livre deve ser evitada nos horários mais críticos do dia e é recomendado o uso de soro nos olhos e nariz.
A Defesa Civil do Estado, juntamente com as Defesas Civis Municipais adotam medidas de prevenção como vistorias nas áreas mais suscetíveis às queimadas, construção de aceiros e intensificação das campanhas de conscientização junto à população.