O governo do Estado anunciou nesta terça-feira (14) que Ribeirão Preto terá um dos centros estaduais de produção de uma nova terapia genética para o tratamento de câncer. A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação entre o Instituto Butantan, ligado ao Governo de São Paulo, a USP e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Embora já seja aplicada em alguns países, a terapia celular tem como maior obstáculo o custo elevado, que pode chegar a US$ 500 mil por aplicação em cada paciente.
Chamada de CAR-T (receptor quimérico de antígeno, em tradução livre da sigla em inglês), ela utiliza células T para combater o câncer de sangue. A capacidade inicial de tratamento é de até 300 pacientes por ano.
O tratamento consiste em retirar e isolar os linfócitos T do paciente, ativá-los, “reprogramá-los” para conseguirem identificar e combater o câncer e depois inseri-los de volta no organismo do indivíduo. Assim, as células de defesa voltam com mais força para eliminar as células tumorais. Todo o processo pode durar cerca de dois meses.
As unidades de São Paulo (Nucel) e de Ribeirão Preto (Nutera) vão contar com estruturas que permitirão que os principais processos da nova tecnologia – produção, desenvolvimento, armazenamento e aplicação da terapia celular – sejam efetuados em solo paulista. O objetivo é reduzir ao máximo o custo em larga escala da terapia e fazer com que ela chegue ao SUS.
A terapia celular CAR-T foi desenvolvida no Centro de Terapia Celular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. O primeiro voluntário, que recebeu o tratamento experimental há dois anos, alcançou a remissão total de um linfoma em estágio terminal. Outros pacientes que optaram pelo tratamento também tiveram remissão.
“Trata-se de uma terapia revolucionária e individualizada, que usa as células de defesa do próprio paciente para combater o câncer. Com esse novo programa, São Paulo reforça seu pioneirismo na pesquisa e na oferta de tratamentos inovadores, de altíssima complexidade, aos brasileiros”, afirmou o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, David Uip.
Como a terapia celular ainda está em fase experimental no Brasil, os pacientes foram tratados até agora de forma compassiva – por decisão médica, quando o câncer está em estágio avançado e não há outra alternativa de terapia.