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O Conformismo do Subdesempenho Satisfatório e As Oportunidades Perdidas pelo Brasil

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O Conformismo do Subdesempenho Satisfatório e As Oportunidades Perdidas pelo Brasil
Mario Pascarelli

A melhor definição para sub desempenho satisfatório é tratá-lo como uma patologia onde condutores de uma organização, que pode ser privada ou pública, iludidos pelo possível sucesso dela, não percebem um sub desempenho presente que pode leva-la a resultados desastrosos no futuro. Ou pior, podem ser percebidos, mas desprezados.

Tendo em vista o cenário político-econômico-institucional vigente no Brasil existe um agravante que é o conformismo do sub desempenho, uma vez que o Brasil está acometido de profundos problemas, pelos quais as organizações públicas e privadas costumam mostrar preocupação, mas sem se ocupar efetivamente daqueles que não receberam a devida atenção.

Entende-se totalmente pertinente ao atual Governo Federal e aos seus antecessores que não reconhecem os sintomas do subdesempenho satisfatório, e muito menos que o ganho que o Brasil experimentou entre 2003 e 2007 foi resultante dos ventos favoráveis que a economia mundial trouxe ao Brasil.

O “nunca antes neste País” é emblemático de uma visão que, além de difícil comprovação, volta-se para o passado e um país ainda em construção, com pouco mais de 60 anos de liberdades democráticas ao longo de mais de 120 anos de regime republicano (os demais foram marcados por regimes de exceção), e já carente de várias reformas.

O que deve sempre prevalecer é o presente e o futuro, comparando-se o Brasil com nações efetivamente bem-sucedidas, grupo este ao qual não pertencemos.

A fim de se comprovar a tese do conformismo com o subdesempenho satisfatório, recorre-se a uma análise tradicional que sempre é relevada. Para fugir da banalidade, apresenta-se na Tabela a seguir a posição do Brasil diante de um conjunto de indicadores internacionais.

Posição do Brasil no Contexto Internacional

 

INDICADOR

 

TOTAL DE PAÍSES

 

POSIÇÃO DO BRASIL

PIB TOTAL EM US$ 120 9º.
 

PIB PER CAPITA

 

226

 

65º.

 

TAXA DE INVESTIMENTO % PIB

 

135

 

85º

FACILIDADE DE REALIZAR NEGÓCIOS 183 129º
PRAZO PARA ABRIR UMA EMPRESA 190 175º
INDICE DE COMPETITIVIDADE GLOBAL 141 71º
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH-2014) 189 79º
TESTE EDUCACIONAL INTERNACIONAL PISA – 2019 77 53º.
GASTOS COM EDUCAÇÃO % DO PIB EM 2019 40 39º
MORTALIDADE INFANTIL EM 2019 187 94º
ESPERANÇA DE VIDA EM 2019 198 102º
ÍNDICE DE GINI (DISTRIBUIÇAO DE RENDA) 108 99º
GASTOS GOVERNAMENTAIS EM SAÚDE PER CAPITA 187 58º

Fonte: IBGE – 2018

Dos indicadores acima listados, os piores são os indicadores sociais, tais como PIB per capita, IDH, Mortalidade Infantil, Expectativa de Vida, e  os Educacionais. Explicita-se que, sem aumentar a taxa de investimentos em capital fixo não será possível sair desse sub desempenho satisfatório e o Brasil será sempre e sempre e sempre o país do futuro. Mas, com um futuro bastante nebuloso e já comprometido com a subjetividade.

Para melhor explicitar o momento pelo qual o mundo e o Brasil passam, no que diz respeito ao cenário internacional, os quadros 1, 2, 3 e 4 contemplam uma análise do tipo SWOT (Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças), importante para uma reflexão ampla e profunda das oportunidades que foram perdidas pelo Brasil pela incapacidade nas três esferas governamentais e pelo elevado nível de descarada corrupção endêmica.

Quadro 1 – Contexto Internacional – Ameaças

Mais Governo As recentes crises internacionais redundaram no fortalecimento do papel dos governos e a necessidade de serem formuladas novas políticas industriais e comerciais, em particular nos países desenvolvidos, os mais atingidos. Houve, também, a necessidade da expansão monetária de forma a garantir os empregos.
Demanda Fraca nos países desenvolvidos O desenvolvimento será lento e pequeno nos próximos anos nos países desenvolvidos.
Concorrência mais acirrada O comércio internacional será disputado com maior concorrência, necessitando, desta forma, os países serem mais competitivos.
Alemanha muito mais competitiva A Alemanha deseja reduzir a dependência da Europa, e, por consequência, demonstra interesse no mercado brasileiro.
Estados Unidos menos liberal O governo norte-americano já dá provas de que está menos passivo e liberal na sua política industrial e comercial. Está promovendo um ajuste reduzindo custos e recuperando margens de lucro para que as empresas voltem a empregar. A sua política industrial está focada em compras governamentais como uma nova versão do “New Deal de 1929” e um aumento da produtividade de suas empresas.
Reino Unido voltado para alto valor agregado A sua política industrial está focada em criar empregos altamente qualificados e, desta forma, produzir alto valor agregado aumentado, portanto, sua poupança interna.
Focos da Política Industrial Chinesa Com a maior urbanização do país, suas ações estão priorizando os investimentos imobiliários para reduzir o seu déficit habitacional. Ao mesmo tempo está estimulando o investimento privado para diminuir a dependência do investimento público para o desenvolvimento econômico. As ações governamentais visam diminuir a importância do comércio exterior na economia chinesa. Está promovendo o consumo responsável, inclusive de água. Produção em alta escala com a consequente redução muito barata. Continuará com sua moeda desvalorizada e aumentará a procura de terras raras na África e no Brasil.
Mercado Instável de Commodities Crescimento da presença de investidores/especuladores no mercado de futuros aliada a forte  demanda chinesa traz muita instabilidade neste segmento que é o forte das exportações brasileiras.

 

Quadro 2 – Contexto Internacional – Oportunidades

Menor Dependência do Crescimento dos Países  Desenvolvidos As recentes crises tiveram o condão de fazer com que a economia dos países emergentes se descolarem das economias dos países desenvolvidos. Será nesses países nos quais o Brasil terá mais chances de expandir seu comércio exterior.
Urbanização nos Países Emergentes Onde há grandes populações é que residem as maiores demandas por commodities.
A China e a Índia buscam soluções para a sua urbanização Tanto na área habitacional para a baixa renda quanto na questão do saneamento básico, o mercado indiano é uma ótima oportunidade.
Soluções voltadas para a sustentabilidade A conscientização mundial para a necessidade do consumo responsável de água, de energia e redução dos poluentes, abre uma grande perspectiva para o mercado de equipamentos voltados para os segmentos citados, nos quais o Brasil é detentor de vantagens comparativas.

 

Quadro 3 – O Ambiente Interno – Fortalezas

Menor Fluxo Migratório Mesmo continuando haver diferenças regionais de índices de pobreza e infraestrutura, os fluxos migratórios estão tendentes a diminuir.
Fortalecimento dos Investimentos Externos O Brasil tem se mostrado um porto seguro para que o fluxo de investimentos externos seja crescente.
Maior Flexibilidade e Criatividade Mesmo que careça de um direcionamento de inovações voltadas para o mercado, a capacidade do brasileiro de se adaptar rapidamente frente as mudanças e sua criatividade tem chamado a atenção internacional.
Ampliação da Classe Média Com o inegável aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro, o nosso mercado interno se mostra cada vez mais promissor.
A Agricultura como Impulsionadora do Crescimento A prova disso é que o Brasil é o maior exportador de produtos agro- industriais do mundo.
Mercado Financeiro razoavelmente bem regulado O mercado financeiro brasileiro tem se mostrado menos exposto ao risco do que os demais países.
Entidades de Classe mais amadurecidas Diálogos mais frequentes entre as entidades de classe e o governo central.
Fontes Energéticas Embora a regulação neste setor ainda requeira maior objetividade, o Brasil apresenta alternativas energéticas mais diversificadas do que outros países.

Quadro 4 – O Ambiente Interno – Debilidades

Infraestrutura Precária Nesta área o Brasil corre grande risco de falta de competitividade pelo alto custo final de seus produtos.
Concentração na Fabricação de Bens Intermediários Produtos onde há o oligopólio são muito mais caros no Brasil do que em outros países, e isto afeta a competitividade por toda a cadeia produtiva que os utiliza (cimento, gás, produtos siderúrgicos).
Concorrência mais acirrada O comércio internacional será disputado com maior concorrência, necessitando, desta forma, os países serem mais competitivos.
Alemanha muito mais competitiva A Alemanha deseja reduzir a dependência da Europa, e, por consequência, demonstra interesse no mercado brasileiro.
Estados Unidos menos liberal O governo norte-americano já dá provas de que está menos passivo e liberal na sua política industrial e comercial. Está promovendo um ajuste reduzindo custos e recuperando margens de lucro para que as empresas voltem a empregar. A sua política industrial está focada em compras governamentais como uma nova versão do “New Deal de 1929” e um aumento da produtividade de suas empresas.
Reino Unido voltado para alto valor agregado A sua política industrial está focada em criar empregos altamente qualificados e, desta forma, produzir alto valor agregado aumentado, portanto, sua poupança interna.
Focos da Política Industrial Chinesa Com a maior urbanização do país, suas ações estão priorizando os investimentos imobiliários para reduzir o seu déficit habitacional. Ao mesmo tempo está estimulando o investimento privado para diminuir a dependência do investimento público para o desenvolvimento econômico. As ações governamentais visam diminuir a importância do comércio exterior na economia chinesa. Está promovendo o consumo responsável, inclusive de água. Produção em alta escala com a consequente baixa de custos, isto ainda proporcionado por uma mão de obra ainda muito barata. Continuará com sua moeda desvalorizada e aumentará a procura de terras raras na África e no Brasil.
Mercado Instável de Commodities Crescimento da presença de investidores/especuladores no mercado de futuros aliada a forte demanda chinesa traz muita instabilidade neste segmento que é o forte das exportações brasileiras.

 

Analisando os quadros acima fica patente que perdemos uma vez mais as ótimas oportunidades de nos projetarmos definitivamente no cenário internacional

Portanto, utilizando uma expressão em voga atualmente, deixemos de mimimis e encaremos a realidade.

Só há uma alternativa: passar o Brasil a limpo utilizando-se a CIDADANIA!!!!!