Covid-19 fará sua primeira vítima eleitoral brasileira?
Desde a eleição de Ralph Dória Lauren em 2018, com a alcunha Bolsodória, observa-se no Palácio dos Bandeirantes a formação de um grande QG voltado ao pleito de 2022. Dória é assim, ambicioso, vaidoso e inconsequente. É o trator dos Gomes que deu certo. Ficaram pelo caminho José Serra, FHC, Geraldo Alckmin (que pensa o médico e ex governador sobre a conduta de sues pares?), Alberto Goldman, Aécio Neves, Celso Sabino etc. O governador paulista ignorou inúmeros apelos de médicos, políticos e jornalísticos, como o do vereador Edvaldo dos Santos (Progressistas – BA), Feira de Santana, e do apresentador Milton Neves, para cancelar o carnaval. Dória, assim como Witzel (RJ) e Costa (BA), ignoraram tais apelos e e só abordaram o tema COVID- 19 depois do carnaval, na quarta-feira de cinzas, e depois do meio dia, claro. Antes disso, Corona só a cerveja, bem gelada e com limão, por favor. Agora, com o dedo em riste, cutículas feitas e base esmaltada, o governador de São Paulo culpa o governo federal pela disseminação do vírus. Os links abaixo não me deixam mentir.
https://blogmiltonneves.uol.com.br/blog/2020/02/03/carnaval-2020-cancela-brasil/
https://carnaval.leiaja.com/noticias/2020/02/23/medo-do-coronavirus-cancela-carnaval-de-veneza
Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto, morador de São Paulo e com mentalidade candanga, é caixa de ressonância de toda e qualquer medida que o marketeiro (gestor é o cazzo!) que governa, em teoria, São Paulo. Na prática, quem comanda a locomotiva da nação é Rodrigo Garcia (DEM), cria do ex prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD). O plano de João Dólar Dória sempre foi o Planalto, e ele tem pressa. Não é coincidência que seu vice, político de fato, articulador, seja do mesmo partido que, rotineiramente, afronta e achincalha o governo federal. O Bolsodória morreu com sua conveniência. Geraldo Alckmin foi traído sem qualquer hesitação.
O tucano pé vermelho do Rio Branco sonha, delira, com seu regresso ao legislativo federal. Lá, não é obrigado a gastar seu tempo e intelecto com buracos de rua, dengue, mato alto e José Fernando Chiavenato. Não, lá pode emular Collor sem preocupações: correr sem camisa e praticar esportes radicais. A boemia de um congressista faz-lhe falta. Por aqui, mal pode caminhar nas ruas. Quando não, seus carros é que sofrem com as ruas esburacadas.
Nunca fui nogueirista. Considero-o uma pessoa de inteligência ímpar. Trabalhou com eficácia no caso das OS’s. Fez o arroz com feijão em terra arrasada. Todavia, poderia ter feito muito mais. Exceto, é claro, transformar a cidade em um canteiro de obras em ano de eleição. Os trabalhadores são imunes. Praxe. Modo tucano de governar. Prática já manjada. Salvo exceções como Educação e Defesa Civil, seu corpo de secretários vive nos anos 80: ideias, neon e veludo. Poucos falam, mas há um gigantesco temor do surgimento de uma alternativa aos figurões que costumam disputar o executivo, e o PSDB é o que mais teme esse contexto. O partido Novo, com sua gangue de almofadinhas, poderia ter feito a diferença. Não o fez. Preferiu discutir o sexo dos anjos de sua cobertura, na varanda gourmet, desfrutando seu churrasco Kobe, que arregaçar as mangas. Aliás, Caco Antibes, se tivesse tive partido, vestiria laranja. Morreu com eles, provavelmente, uma alternativa que comande Ribeirão Preto com boas ideias e competência. Pobre Lohbauer.
Enquanto isso, Nogueira e sua equipe costuraram -estaria o Novo incluso?- de todas as formas -por cima, claro, afinal não se misturam- para desarticular alternativas à direita. Empréstimo solicitado, na semana que se iniciou dia 13/04, de 60 milhoes de reais. Isso mesmo. São quase 600 milhões em endividamento. Do documento: “Os recursos provenientes da operação de crédito autorizada neste artigo serão obrigatoriamente aplicados na execução de projeto integrante do FINISA -— Financiamento à Infraestrutura e ao Sancamento/Despesa de Capital “. Parafraseando Maria do Rosário, mas o que é isso?! Mais com menos em empréstimos que estão na limítrofe dos 600 milhões de reais.
O imponderável, porém, pode tirar-lhe da disputa ao Senado daqui dois anos. Deputado Federal? Frente ao seu alto índice de rejeição, até a ALESP soa atrativa. A até então garantida cadeira municipal corre risco de confortar novas nádegas em 2020. É pagar pra ver. Os habitantes da terra roxa ainda não saíram do provincianismo dos sobrenomes, dos coronéis e dos caciques políticos. Nogueira e Dória: Ribeirão merece. Quem sabe dessa vez tenha aprendido. Cadê meu Rivotril?