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O nazismo americano: A Ku Klux Klan

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O nazismo americano: A Ku Klux Klan
Gilberto Abreu, é professor e ex-vereador em Ribeirão - Foto: Divulgação

Originalmente, a “Klan” foi fundada como um clube de amigos, em 1866; logo depois, portanto, da Guerra de Secessão. Os sulistas, humilhados pela derrota, queriam compartilhar a camaradagem desenvolvida no tempo da guerra. Escolheram “kuklos”, que significa círculo em grego, e acrescentaram “Klan” pelo efeito repetitivo do fonema inicial. Alguns consideram que é uma onomatopéia: “ku-klux-klan” reproduziria o som de um fuzil sendo armado. Inicialmente, pretenderam garantir os direitos da maioria branca do Sul contra os aventureiros nortistas (yankees) e dos picaretas (carpetbaggers) que pilhavam a região vencida.

Outra motivação, não menos importante, era a de impedir a ascensão social dos negros. Sobretudo depois de descobrirem que as suas sinistras túnicas e seus capuzes provocavam um verdadeiro pavor entre eles. Em 1867, estabeleceu-se, formalmente, o “Império Invisível do Sul”. Seus atos terroristas foram tantos que, em 1871, o governo Grant promulgou o “Regulamento da Klan”, que autorizava o Presidente a suspender a vigência do “habeas corpus” e a suspender a violência pela força. Caso inédito no país. A repressão conteve o movimento, mas não impediu que milhares de atos violentos fossem cometidos. Assassinatos. Pichações. Linchamentos. Incêndios. Pancadarias.

Nas décadas seguintes, a organização quase foi extinta, mas, em 1915, William Simmons a faz ressurgir no estado da Georgia, na noite de Ação de Graças. Colocando-se como “Bruxo Imperial”, defendia a supremacia branca, excluindo estrangeiros, judeus e católicos de seus quadros, por contrariarem o “american way of life”. A explosão numérica dos adeptos da “klan” se deveu ao trabalho competente dos senhores Clark e da senhora Tyler, especialistas em levantamento de fundos, chegando a ter milhões de sócios nos anos seguintes.

Exploravam o anti-catolicismo, o anti-semitismo, o racismo implícito na sociedade americana, atraindo uma legião de sádicos e perversos, em todo o país. Principalmente nas pequenas cidades, já que nos grandes centros urbanos nunca obtiveram resposta positiva aos seus desmandos. Simmons criou um vocabulário absurdo, o que diz bem do seu nível mental e o de seus seguidores.

Seus fiéis, segundo J.M. Roberts, “na grande maioria de inteligência fantasticamente reduzida, eram envolvidos e intimados por um código de cerimônias, signos, sinais e palavras mágicas e sem sentido.” Perceba-se o grau de imbecilidade: cantavam “klanções”; reuniam-se em “klonferências”; faziam juramentos de sangue, acendiam cruzes incandescentes, sussurrando senhas incompreensíveis.

A “klan” viveu a sua fase áurea nos anos 1920, porém seus membros se envolveram em tantas atrocidades e campanhas ridículas que a sua decadência já era sentida, a tal ponto de reduzir-se a poucos milhares de seguidores. Renasce nos anos 1960, a fim de combater a campanha em favor da igualdade de direitos civis, no que sofreu uma enérgica repressão do governo federal americano. Nas últimas décadas, praticamente desapareceu, a não ser em alguns de seus risíveis desfiles pelas cidades interioranas.

Os acontecimentos recentes na cidade de Charlotesville, na Virginia, demonstraram que as suas brasas ainda não foram apagadas. Ressurgem das cinzas, notadamente por conta de um governante, Donald Trump, que também parece ter saído de suas fileiras. Voltaram. Se é que um dia foram…