Por meio do trabalho realizado pelo Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres (CETRAS) Morro de São Bento, empreendimento ligado ao Bosque Zoológico Fábio de Sá Barreto, três veados-cantingueiros (Mazama gouazoubira) foram reabilitados. O trabalho da equipe técnica consistiu no atendimento veterinário associado ao manejo alimentar dos indivíduos para ganho de peso e massa muscular.
Os animais chegaram ao CETRAS por meio da polícia ambiental, Prefeitura Municipal de Luiz Antônio (SP) e munícipes. Um dos animais chegou ainda filhote em junho de 2023, órfão. Os demais foram recebidos no mês de maio de 2024, sendo que um deles apresentava pneumotórax e passou por cirurgia. Todos os animais foram individualizados por meio de microchips, além de passarem por exames realizados pelo Setor de Biologia.
Também foi realizado pelo setor de Biologia, do Bosque, os procedimentos de formalização de autorização de soltura junto ao Departamento de Fauna do Estado de São Paulo, bem como os estudos de viabilidade para soltura em ambiente natural. Após deliberações com os técnicos da zootecnia e medicina-veterinária, foi acordado que o melhor ambiente para soltura, que acontecerá nos próximos dias, será a área de preservação permanente do Rio Pardo, próximo ao município de Jardinópolis.
Segundo o zootecnista Alexandre Gouvêa “a refaunação é importante para repor espécimes que sofrem com a avançada urbanização, caça ilegal e atropelamentos nas vias”, explica o zootecnista. Já para o veterinário Pedro Favaretto, a possibilidade de animais de comportamento tímido e sensíveis à miopatia de captura, retornarem à natureza é uma vitória. “A miopatia é um fator que na maioria dos casos impede a reabilitação do animal por limitar o manejo e avaliação clínica”, afirma Favaretto.
O biólogo responsável técnico, Dr. Otávio Guilherme Gonçalves de Almeida, comemora a soltura dos animais. “Traz inimagináveis benefícios ecossistêmicos, visto que os estudos apontam a importância desses animais na regeneração florestal de espécies arbóreas, por meio do consumo de forrageiras e espécies invasoras que comprometem a regeneração natural de matas. Ademais, atuam na dispersão de sementes em áreas fragmentadas”, conclui.