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Pandemia e Prorrogação: Golden Goal ou W.O Eleitoral?

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Pandemia e Prorrogação: Golden Goal ou W.O Eleitoral?
Gustavo Bugalho é advogado atuante em Direito Público e Direito Eleitoral

Em tempos de pandemia, o que se cura são as feridas de quem já está no poder. Será?

Com as mudanças ocorridas já há cerca de cinco anos na legislação eleitoral, a campanha eleitoral oficial ficou muito mais curta. O tempo efetivo de campanha que antes era de noventa dias, passou, desde as eleições de 2016, a ter apenas quarenta e cinco dias.

Refiro-me à campanha eleitoral oficial porque até mesmo o mais pueril inocente tem conhecimento de que a corrida eleitoral existe durante quatro anos e se acirra no início do ano das eleições, ao menos para aqueles candidatos já conhecedores do mecanismo.

Nesse ano de 2020, entretanto, o cenário está bastante nebuloso e o excesso de notícias sobre a pandemia que se instalou em nosso cotidiano, tem deixado de lado as informações e a transparência sobre as movimentações políticas no cenário municipal. As instituições, como a Câmara Municipal ainda têm funcionado de maneira remota e aqueles vereadores mais experientes e que contam com uma melhor estrutura política, continuam se mantendo visíveis ante à concorrência com o vírus tão difundido. Para alguns menos experientes, mais soberbos e conhecidos por meterem os pés pelas mãos, a queda dos holofotes que viviam sobre seus atos, pode até ser um pontinho positivo e uma última esperança de sobrevida.

Os demais candidatos, aqueles sem acesso à máquina publicitária, têm tentado se movimentar, mas ao que parece a população está tão concentrada nas notícias sobre a pandemia e nas “lives” dos artistas famosos, que estes pré-candidatos pouco têm conseguido se destacar e aparecer. A eleição parece morna, parece morta, como há muito não se via. O cenário federal e estadual, com sua briga de chifres entre bodes comandantes, tem tomado toda a cena restante.

Esse cenário me faz acreditar que pela primeira vez nas eleições, teremos realmente uma eleição cuja campanha se dará fortemente durante o período regulamentado pela legislação eleitoral, caso não haja a suspensão e o adiamento das eleições, hipótese ventilada pelo novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Min. Barroso.

Nisso tudo, uma preocupação: a quem favorece esse cenário?

Evidentemente que o maior favorecido de tudo isso é o detentor do poder, em especial quando nos referidos às eleições para o Poder Executivo, que normalmente já está há quatro anos com uma máquina de fazer notícias na mão, se souber usar.

A grande tendência de W.O – resultado ocorrido quando o time adversário não entra em campo – é bastante evidente neste cenário, bastando, para isso, que o time já em campo, tome o grande cuidado em não chutar contra a própria meta.

Embora pareça uma situação confortável, é essencial lembrar que, em períodos como este, no qual os ânimos estão cada vez mais exaltados, qualquer posição mal calculada pode comprometer a vitória do time que está em campo. Excesso de pronunciamentos, conflitos diretos e desnecessários com associações de classes, exploração dos fatos de maneira a parecer, à população, uma forma de angariar popularidade diante da gravidade do momento, podem trazer resultados nefastos para o governante já em mandato, em especial se, como já mencionado pelo atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, houver o tão debatido adiamento das eleições para novembro ou dezembro de 2020 e se bem explorado pelos adversários.

Isso porque eventual erro estratégico é muito mais difícil de ser consertado por quem o cometeu, do que explorado por uma oposição inteligente – o que, em um cenário de W.O aparente não é algo muito esperado – num prazo de quatro ou cinco meses.

Agora não é hora de desespero, mas também não é hora do tatu se esconder no buraco. O momento é de relembrar à beira do campo, as jogadas ensaiadas e jogar no erro do adversário.

Resumindo:

Aos detentores de mandato: estratégia e cautela neste momento. A eleição pode estar ganha se o trabalho de sua imagem tiver sido bem feito durante os quatro anos e a inteligência for usada nesta reta final.

Aos concorrentes: mais movimento neste período, olhares atentos aos movimentos do adversário a ser batido e a escolha de profissionais experientes em questões de inteligência, legislação e estratégia nos próximos meses, aproveitando ao máximo os erros do adversário, são fundamentais para que consiga entrar com o time em campo e conseguir, ao menos, o Golden Goal.