Dados do Boletim Conjuntura Econômica de setembro de 2020 revelam os fortes impactos da pandemia no desempenho da economia brasileira com queda recorde no PIB, redução na produção industrial, perdas de vagas de emprego formal e aumento do desemprego.
A publicação é coordenada pelo professor Luciano Nakabashi e contou com os pesquisadores Francielly Almeida e Nicolas Scaraboto, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.
O PIB chegou a R$ 1,653 trilhão, o que representa um encolhimento de 11,4% no segundo trimestre de 2020, quando comparado com o mesmo período de 2019. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, a queda foi de 9,7%. Esse foi o pior resultado da série histórica iniciada em 1996.
A agropecuária foi o único setor com crescimento no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, com alta de 1,2%, puxada, sobretudo, pela produção de soja e café. Indústria (-12,7%) e serviços (-11,2%) registraram quedas históricas.
Os investimentos tiveram retração de 15,4%, puxados pela queda na construção e na produção interna de bens de capital. Os gastos do governo (-8,8%) também recuaram, refletindo redução nos gastos com educação e saúde.
O consumo das famílias, que representa 65% do PIB, recuou 12,5%. Segundo o IBGE, a queda no consumo das famílias só não foi mais intensa devido aos programas de transferência de renda do governo e de crédito.
“As medidas de auxílio emergencial tiveram reflexos positivos no consumo, contribuindo para aumento das vendas em alguns setores. Porém, o ritmo das atividades até o fim do ano esbarra ainda em um quadro de incerteza e, num horizonte de médio a longo prazo, na situação fiscal do setor público” explicam os pesquisadores.
A taxa de desemprego chegou a 13,3% no trimestre encerrado em junho, o que corresponde a 12,8 milhões de desempregados. O resultado representa alta de 1,1 ponto porcentual frente ao trimestre encerrado em março, e alta de 1,3 ponto porcentual na comparação com igual período do ano anterior.