PIB recua 1,5% no primeiro trimestre

Economia brasileira sente os efeitos da pandemia com aumento no desemprego e deflação

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No primeiro trimestre de 2020 a economia brasileira encolheu 1,5% em relação ao último trimestre de 2019, chegando a R$ 1,803 trilhão. É o pior resultado desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%) e interrompe uma sequência de quatro trimestres de crescimento.

Os dados são do Boletim Conjuntura Econômica de junho de 2020, dos pesquisadores Francielly Almeida e Eduardo Teixeira, coordenados pelo professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.

“A queda na atividade econômica reflete os primeiros efeitos das medidas restritivas de isolamento social e de fechamento de serviços não essenciais, que começaram a ser adotadas em março, para conter o avanço da pandemia” explicam os pesquisadores.

A agropecuária foi o único setor com crescimento (0,6%), impulsionada pelos bons resultados na safra de soja. Na indústria a queda foi de 1,4%, enquanto que o setor de serviços recuou 1,6%. O consumo das famílias apresentou recuo de 2%, resultado do aumento do desemprego, queda da renda, aumento do endividamento e da incerteza. Os investimentos registraram crescimento de 3,1%, impulsionados pela importação líquida de máquinas e equipamentos pelo setor de petróleo e gás.

Comércio Exterior

No mercado externo as exportações de bens e serviços caíram 0,9% em relação ao último trimestre de 2019, resultado da queda na demanda internacional, sobretudo da China e da Argentina. Já as importações cresceram 2,8% na comparação com o mesmo período.

Mercado de Trabalho

Segundo o IBGE, o contingente de ocupados registrou queda recorde de 5,2% na comparação com o trimestre anterior, o que corresponde à perda de 4,9 milhões de postos de trabalho. Desse volume, 3,7 milhões foram de trabalhadores informais.

Inflação

Entre abril de 2019 e de 2020, a taxa de inflação acumulou alta de 2,4%, abaixo da taxa de 3,3% registrada nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril, o IPCA registrou deflação de 0,31%, a menor variação mensal desde agosto de 1998 (-0,51%). Houve deflação em seis dos nove grupos que compõem o índice, com maior queda na categoria transportes. O resultado foi puxado pelo recuo de 9,59% nos preços dos combustíveis.

Os pesquisadores explicam que a queda na atividade econômica deve continuar: “Embora haja expectativas um pouco mais otimistas para o segundo semestre, o cenário ainda é muito incerto e dependerá do processo de reabertura da economia e de como o mercado de trabalho e a confiança responderão a isso”.