Uma reportagem na Folha de São Paulo na última semana trouxe um estudo realizado na Suécia sob titulo “Quando os pais podem ficar em casa” mostrando os efeitos benéficos da presença do pai na saúde da mulher baseado em registros de nascimentos, dados de licença-maternidade e de saúde do governo concluindo que uma licença-paternidade maior reduz uso de antibióticos e ansiolíticos por mães.
No caso, a política sueca desde 2012 permite que os pais utilizem 30 dias alternados para acompanhar o primeiro ano do filho. A pesquisa mostra também que nos Estados Unidos, onde a mortalidade materna vem aumentando, os pais não tem direito a nenhum dia de licença paternidade, a licença-maternidade paga não está prevista pela Constituição e mães podem se ausentar do trabalho por apenas 12 semanas.
Sob todos os aspectos, a presença do pai na vida de seus filhos e companheiras tem papel fundamental. No Brasil se torna cada vez mais escassa essa presença. O número de lares brasileiros chefiados por mulheres passou de 23% para 40% entre 1995 e 2015, segundo a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada em março de 2017 pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Entre 2005 e 2015, o número de famílias compostas por mães “solo” subiu de 10,5 milhões para 11,6 milhões, segundo dados do IBGE divulgados em 2017.
Há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar de 2011.
Infelizmente, esses são resultados de uma cultura machista e sexista na qual vivemos onde o homem não se sente comprometido a assumir e a cuidar dos filhos, ainda mais quando os filhos nascem de um relacionamento fora do casamento e/ou união não estáveis.
Vivemos enraizados na nossa cultura de que é natural, normal encontrarmos ou conhecermos uma mãe solteira e nos chocarmos quando a figura muda para pai solteiro.
Pai solteiro não super-pai, é simplesmente PAI.
Geneticamente um filho carrega 50% de herança materna e 50% da paterna, mas depois que a criança nasce a responsabilidade praticamente zera para alguns pais e duplica para algumas mães.
O pai tem papel indiscutível na vida dos filhos emocional e financeiramente. Engana-se quem acha que a luta feminista pra reverter esse quadro é guerra contra macho, ao contrário, a luta de nós mulheres, é pela parceria, pela igualdade, pela divisão e compartilhamento de tarefas e responsabilidades, sobretudo, em relação aos filhos.
Ainda falta muito para que o caminho já percorrido possa levar a algum lugar definitivo. Muitas mulheres tem trilhado a passos largos de mãos dadas apenas com seus filhos, outras compartilham o trajeto com avós e outros parentes e outras tem sim seus companheiros, não podemos generalizar. Todas seguem, mas aquelas que carregam as malas sozinhas são as que mais sofrem estressadas com a rotina que consome e subtrai o tempo que deveria ser da experiência com a criança. O resultado? Uma geração de crianças carentes, filhos órfãos de pais vivos e brasileirinhos em conflito entregues a um país sem freio. O destino final deixo para a imaginação de cada um de vocês, leitores, que com ou sem escalas desejo: Boa viagem!