O presidente do Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural de Ribeirão Preto), Lucas Pereira, denunciou a secretária de cultura do município, Isabela Pessotti, por falsidade ideológica. Ele a acusa de inserir uma declaração falsa, atribuída a ele, em um ofício sobre as obras na Casa de Cultura. Desde julho, o conselho tenta embargar as intervenções alegando falta de autorização, já que o imóvel é tombado.
Segundo o boletim de ocorrência feito por Pereira, um documento assinado por Isabela afirma que, durante uma reunião, o presidente do Conppac teria concordado com a manutenção das obras sob a condição de que ela fosse vistoriada com frequência pelos conselheiros.
“Ficou acordado que a mencionada reforma continuaria, sendo que seriam feitas visitas periódicas pelo citado órgão, para acompanhar o andamento, e caso houvesse alguma irregularidade, a obra seria paralisada para readequações, mas até o momento tudo o que foi feito está em conformidade com o processo de tombamento do local”, diz o documento questionado.
Em entrevista ao programa Thathi Repórter, Lucas confirmou a realização da reunião, mas não o acordo verbal citado no ofício. “A reunião aconteceu, mas a informação não procede. E nem poderia. A palavra final sobre as obras deve ser do plenário do conselho, não minha”, disse Lucas.
Procurada pelo Grupo Thathi, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto informou apenas que a secretária não foi notificada sobre o registro da ocorrência. A reportagem solicitou um posicionamento diretamente à Isabela Pessotti, mas não recebeu um retorno até a publicação desta matéria. Se houver manifestação, ela será atualizada.
O projeto
A obras no local são para adaptações do prédio para receber o projeto Fábrica de Cultura 4.0, do governo estadual. O investimento previsto é de cerca de R$ 5 milhões. A escolha do prédio foi feita pela Secretaria estadual de Cultura.
Para a implantação do projeto, a administração deu início às intervenções no local. Como o prédio da Casa de Cultura está em processo de tombamento definitivo, os conselheiros sustentam que as obras só poderiam começar com o aval do Conppac. O projeto chegou a ser protocolado, mas não houve deliberação definitiva por parte do órgão.
Promotoria e polícia
Dois promotores de Justiça – Wanderley Trindade, e Naul Felca – e agentes da Polícia Militar estiveram nesta quinta-feira (06) nas obras para uma vistoria. O Ministério Público teria reforçado a validade do embargo administrativo.