Uma apresentação de pauta da campanha salarial, na manhã desta terça-feira (7), resultou no anúncio de paralisação dos serviços de profissionais da enfermagem no Hospital das Clínicas a partir de sexta-feira (10).
De acordo com documento, elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde em São Paulo, a decisão é baseada na defesa da aplicação do piso nacional da enfermagem, conforme a lei n° 14.434/2022, que prevê salário de R$ 4.750 mensais aos profissionais com contrato sob regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O pedido de aumento é justificado pela perda inflacionária sofrida nos últimos 10 anos.
“Em cumprimento à decisão da Assembléia-Geral dos Representados, realizada no dia 14 de fevereiro de 2023, vem notificar essa Administração, em face da defesa da aplicação do piso nacional da enfermagem, conforme lei n° 14.434/2022, decidiu: decretar a partir de 72 (setenta e duas) horas, contadas da expedição desta notificação, que será deflagrada paralisação pela categoria profissional representada por este sindicato, por tempo determinado por vinte quatro horas de duração, abrangendo os servidores públicos da saúde deste estado de São Paulo”, afirma trecho do documento elaborado nesta segunda-feira (6) pelo SindSAÚDE-SP.
Além disso, a mobilização busca denunciar a situação degradante enfrentada por estes profissionais, assim como a sobrecarga de trabalho, a falta de valorização e exposição à situações de violência, além de outras dificuldades profissionais do cotidiano.
“Diretores regionais do SindSaúde-SP estão organizando atos em frente aos hospitais e/ou assembleia para denunciar a situação degradante que os profissionais da saúde estão enfrentando, desde a falta de reconhecimento por parte do governo do estado do piso da enfermagem até a sobrecarga de trabalho, a falta de valorização, a exposição às situações de violência, a falta de condições dignas para o atendimento à população e para atuação profissional, que são problemas cotidianos tanto da enfermagem quanto das demais categorias da saúde”, afirma trecho da convocação dos profissionais divulgado em publicação no site oficial do sindicato, nesta terça-feira.
Em relação ao atendimento a população, os profissionais irão apenas trabalhar em casos de máxima emergência, segundo nota do sindicato. “A prioridade na paralisação é justamente a urgência. Se tiver uma grande adesão, nos organizamos para não deixar os pacientes de casos urgente sem atendimento”, disse.
Negociação
Devido às mobilizações, o governo do estado antecipou a data da primeira mesa de negociação da Campanha Salarial 2023, que seria realizada em 16 de março, para esta quinta-feira (9). No entanto, de acordo com o diretor regional do SindSaúde, Edson Carlos Fedelino, a reunião foi desmarcada e agora deve acontecer no dia 14 de março.
“Se a reunião não acontecer, a possibilidade de paralisação continua. A gente quer uma resposta do governo e evitar uma greve de verdade, por tempo indeterminado, para que não seja prejudicada a população e nem mesmo o trabalhador que acaba perdendo o salário quando faz greve. Nós queremos que isso seja resolvido. Vamos aguardar, esperamos que o governo faça uma negociação decente”, ressaltou Fedelino.
Outro lado
O jornalismo do Grupo Thathi entrou em contato com o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, porém a entidade não se manifestou até o fechamento do texto.