O projeto Humanize – Prevenção e Cidadania, coordenado pela ONG Vitória Régia em parceria com a secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto, levará, a partir deste mês, informação e prevenção sobre as ISTs/AIDS para mulheres, travestis, transexuais e profissionais do sexo em Ribeirão Preto.
A ação de saúde ocorre por meio de repasse financeiro que se dá por descentralização de verba Nacional (Edital de Chamamento Público número 01/2023-Projetos direcionados às ações em HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis), e ocorre em pontos específicos do município.
O trabalho será executado pela ONG Vitória Régia, que há mais de duas décadas atua neste segmento, oferecendo esses serviços com agentes em campo, entregando materiais informativos sobre as ISTs/AIDS, distribuição de preservativos feminino e masculino, além do oferecimento da assistência jurídica para garantia de direitos para este público.
Ao todo, serão oito ações mensais durante 24 meses com equipes multiprofissionais atuando, especialmente, na região da Jerônimo, Bonifácio e avenida Brasil, em bares, restaurantes e hoteis, por exemplo.
A entidade também fará mobilização em datas especiais, como Mês do Orgulho, Dezembro Vermelho, Dia Nacional de Visibilidade Trans e Dia Internacional de Direitos LGBTQIAPN+, datas ligadas a este público.
De acordo com Larissa Brito, que preside a ONG Vitória Régia, a secretaria da Saúde adequou de forma primorosa o projeto, que se estenderá por dois anos, para que ele cumpra seu objetivo de levar informações na busca de reduzir, essencialmente, a incidência de infecção pelo vírus HIV/aids e por outras ISTs (Infecções Sexualmente transmissíveis), assim como ampliar o acesso ao diagnóstico, ao tratamento e à assistência, melhorando a qualidade -, no que se refere ao HIV/aids.
“Queremos, com isso, levar informações sobre as concepções de risco e vulnerabilidade às IST/HIV/Aids. Mas também os informar sobre as garantias de direitos, como o acesso aos serviços de saúde disponível na rede SUS. É importante saberem onde recorrer, quando precisarem de assistência de saúde, por exemplo”, informa Larissa Brito.
Dados
O Brasil tem um sistema de saúde reconhecido mundialmente como referência ao tratamento do HIV e combate à AIDS. Entre os travestis/transexuais, profissionais os sexo e mulheres, há prevalência dessas doenças que varia de 30 a 40% no estado de São Paulo. Apesar de representarem menos de 1,5% da população mundial, estima-se que 19% das travestis e das mulheres transexuais vivam com HIV.
Adicionado a isso, eles apresentam maiores dificuldades de acesso à educação, mercado de trabalho e a informações a direitos.
Segundo a secretária da Saúde de Ribeirão Preto, Jane Aparecida Cristina, a população de travestis e transexuais, expostas a contextos sociais de violências, marginalização, prostituição e uso de álcool e drogas colocam esse grupo em condições aumentadas de vulnerabilidade a infecções, como IST, HIV e Aids.
Apesar da prostituição ser uma das profissões mais antiga do mundo, sua prática é marcada por preceitos históricos, políticos, culturais, sociais e morais que resultam em estigmatização. Tais processos prejudicam a compreensão sobre o modo de vida dessas trabalhadoras e transformam-se em base para a manutenção da vulnerabilidade social e existência de maior risco à saúde, destaca.
“A discriminação, violência, e outras maneiras de desrespeito de direitos humanos colaboram para o aumento do risco de IST nesse grupo populacional, sendo prevalência de HIV, entre essas profissionais, 10 vezes maior, que na população em geral”, acrescenta a secretária.