Proporção de candidatas a prefeita cresce mais na direita, mas esquerda mantém dianteira

Dos 5.300 nomes ao cargo nos partidos à direita, 14,9% são mulheres, enquanto na esquerda as mulheres são 17% dos mais de 3.300 nomes lançados

Foto: Agência Brasil

A direita foi o campo político que mais aumentou a proporção de candidatas a prefeita nestas eleições municipais em comparação a 2020, mas a presença de mulheres segue maior na esquerda.

Dos 5.300 nomes ao cargo nos partidos à direita, 14,9% são mulheres, enquanto na esquerda as mulheres são 17% dos mais de 3.300 nomes lançados. Em comparação ao último pleito, a proporção de candidatas aumentou 3 pontos percentuais na direita e 2 na esquerda.

No centro, as mulheres são 14% das 6.600 das candidaturas para prefeituras, e a variação na proporção de candidatas ficou em um ponto percentual de 2020 para 2024.

Minoria nas disputas às prefeituras, as mulheres representam 15% do total de postulantes, com 2.317 candidatas pelo Brasil, reflexo da decisão dos partidos.

A classificação da ideologia das legendas deriva do GPS partidário, modelo estatístico criado pela Folha para medir a proximidade dos partidos a partir de quatro variáveis —coligações, votações na Câmara dos Deputados, trocas de legendas e composição de frentes parlamentares.

Dentre os dez partidos com mais prefeituras no país, o maior crescimento na proporção de mulheres foi registrado pelo União Brasil, à direita, com cinco pontos percentuais. Dos 1.268 nomes da sigla, 16,3% são mulheres neste pleito.

O PSDB, também posicionado à direita, aparece em segundo, com variação de 4 pontos percentuais. Das 713 candidaturas, as mulheres representam 16,1%. Em terceiro está o PSB, da esquerda, com alta de 3 pontos percentuais. Dos 792 nomes neste pleito, mulheres são 16,16%.

Nas 103 cidades com mais de 200 mil eleitores, as mulheres respondem por apenas 18% das 605 candidaturas ao cargo. Nesse recorte, na esquerda elas são 24% e na direita e no centro, 14%.

A cientista política Graziella Testa, professora da Escola de Políticas Públicas e Governo da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirma que o percentual mais elevado nas cidades de maior porte é algo comum do ponto de vista de inovação na política. “Normalmente vem dos grandes centros e lentamente vai capilarizando.”

O número geral de candidaturas diminuiu 17% na relação com 2020, passando de 555 mil candidaturas para pouco mais de 460 mil, devido ao limite de candidatos por legenda.

Em números absolutos, serão menos mulheres disputando prefeituras em relação a 2020. Hoje são 2.317 candidatas, ante 2.540 na eleição passada, queda de 8%. Na esquerda, a diminuição foi de 11%, na direita, 9%, e no centro, 7%.

Especialistas chamam atenção para o baixo número de candidatas às prefeituras, que reflete a escolha dos partidos. “No mundo, hoje em dia o que se discute é paridade de gênero. Estarmos em um cenário com números tão baixos assim é assustador”, diz o cientista político e professor da UnB (Universidade de Brasília) Carlos Machado.

Vereadoras

Das 157.700 candidatas neste pleito, 9 em cada 10 disputarão uma vaga à vereadora.

Pela primeira vez, as mulheres negras serão maioria nesse grupo, com 52% dessas candidaturas, das quais as que se autodeclaram pardas são 40% e pretas 12%. As mulheres brancas são 46%.

Nas eleições de 2020, que tiveram 179.660 candidatas a vereadora, mulheres negras eram 49%, mesmo percentual de brancas. Em 2016, com 152.846 candidaturas, elas eram 46% e brancas 53%.

O quadro de maioria de candidatas negras para o cargo se mantém em cidades com mais de 200 mil eleitores. As mulheres negras são 54% das candidatas, sendo 35% pardas e 18% negras, e brancas são 45%.

Por espectro ideológico, o maior aumento na proporção de candidaturas de mulheres negras foi na direita, com 8% em relação a 2020, enquanto na esquerda a variação foi de 7% e no centro de 6%. É na esquerda, por outro lado, que elas representam o maior contingente de candidaturas, com 56%, contra 51% no centro e 50% na direita.

Tauá Pires, diretora do Instituto Alziras, afirma que esse aumento ainda é muito tímido devido à falta de divisão justa do fundo eleitoral pelos partidos e pela falta de sanção pelo descumprimento. “É um obstáculo para a presença de mulheres e de mulheres negras na vereança e como prefeitas.”

Entre os partidos com mais prefeituras no país, o PT é o que tem maior percentual de candidatas negras para vereadora, com 5.848 postulantes, 57% das candidatas da legenda ao cargo. O Republicanos foi o que registrou maior aumento em comparação a 2020, com quase 6.000 candidatas negras, alta de 22%. O grupo representa 53% das mulheres que disputarão o cargo pelo partido.

GÉSSICA BRANDINO E NICHOLAS PRETTO / Folhapress

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