Quase um mês após a dissolução do mandato coletivo que representava o partido na Câmara de Ribeirão Preto, o Diretório municipal do Psol se manifestou nesta terça-feira (09) sobre as denúncias de assédio moral e sexual e falsidade ideológica contra o vereador Ramon Faustino, que liderava o grupo e decidiu pôr fim a ele. Segundo a legenda, uma das providências adotadas será a realização de um “curso para todes” sobre opressão.
“Como qualquer organização classista não estamos imunes aos desvios arraigados na sociedade capitalista decadente, a diferença é que seguimos enfrentando-os”, diz a nota publicada nas redes sociais.
O partido não informou quando pretende realizar esse curso nem qual será o seu conteúdo programático.
O comunicado também informa que as acusações, feitas por Sete “co-vereadores”, foram remetidas para apuração pelo Diretório Nacional da sigla. “Esses problemas serão enfrentados sem medo de colocar o dedo na ferida, mas ao mesmo tempo seguiremos na linha de frente da luta contra as opressões e o fascismo”, conclui.
O caso
Em uma nota divulgada também pelas redes sociais, Anita Silva, Flávio Rácy, Jéssica Romero, Márcia Rubiano, Mileide Melo, Patrícia Cardoso e Viviane Silva acusaram Ramon e sua chefe de gabinete, Sheila Brandão de uma série de irregularidades.
“Sofremos situações como a apresentação de documentos falsos para o coletivo assinar, boicote, roubo de ideias e projetos, difamação, isolamento dentro do partido, ameaças e inúmeras tentativas de silenciamento”, diz o texto.
Também online, Ramon respondeu acusando os ex-parceiros de “racismo estrutural”. “Caracterizo aqui que não somente eu, Ramon Faustino, mas também Sheila Brandão, passamos por inúmeros episódios de constrangimentos, expostos a apagamentos dentro do mandato coletivo. Dialogamos que muitas das situações, dos apagamentos e ataques vivenciados por nós são expressão de um racismo estrutural presente nas relações de poder dentro do mandato”, rebateu, na época.
Repúdio
A Frente Nacional de Mandatas e Mandatos Coletivos emitiu uma nota de repúdio pela dissolução do coletivo Todas as Vozes, de Ribeirão Preto.
“Lamentavelmente, o representante legal do Todas as Vozes demonstrou não acreditar na proposta de mandatos coletivos, apesar de a ter usado em toda a comunicação de sua campanha e para se eleger, principalmente considerando que o Todas as Vozes foi eleito na “sobra” do coeficiente eleitoral e é possível analisar que sem as outras oito pessoas integrantes puxando votos, o titular não teria votos suficientes para se eleger sozinho”, diz o texto.
A frente também criticou o silêncio adotado pela direção do Psol. “O PSOL é a sigla que carrega o maior número de mandatos feministas, negres e LGBTQIA+ do país, portanto não pode permanecer em silêncio sobre o que aconteceu em Ribeirão Preto”.