Todo final de ano e início de um novo muitas pessoas têm o hábito de fazer uma lista de desejos e metas; eu, todo ano, renovo meus votos de perder uns quilinhos, terminar aquele curso, finalizar uma conta, fazer atividades físicas de forma regular e não me esquecer dos momentos de afeto com a família e com quem amo.
Além disso, o que todos nós ribeirão-pretanos desejamos para nossa cidade?
Este ano teremos eleições municipais, para vereador(a) e prefeito(a). Nesse debate, muitas propostas já vem prontas de equipes de marketing ou apenas repetem bordões demagógicos e de intenções meramente eleitoreiras.
O que precisamos de fato para que tenhamos uma cidade mais humana?
Para, talvez, responder a essa questão, antes temos que refletir sobre os últimos anos da administração municipal.
Como primeiras questões, podemos levantar:
- Ocorreu a reorganização do espaço urbano para priorizar as pessoas ao invés dos carros e o público ao invés do privado?
- Temos uma gestão que combateu as injustiças sociais, sabendo que houve aumento de cinco vezes no número de moradores em situação de rua?
- Temos uma cidade que acolhe os seus e respeita os direitos dos cidadãos, sabendo que mais de 90 comunidades não têm estrutura sanitária e nem oferecem o mínimo de dignidade a muitas famílias?
- Temos corredores de ônibus permitindo a fruição do trânsito de forma inteligente?
- Temos algum centro de referência, ou política pública, para combate ao racismo, ao machismo e à homofobia?
- Podemos dizer aos empresários que se sintam seguros para investir em nossa cidade?
- Temos uma zeladoria que permita às famílias passearem nas praças e ruas públicas?
- Temos um Plano Diretor estratégico e que busca qualificar a cidade por meio de mudanças estruturais?
Administrar as cidades e planejá-las para o presente, para o futuro próximo e para o futuro mais distante requer, antes de tudo, uma discussão que envolva diversos atores sociais, como associações de moradores, entidades e espaços de concepção das políticas públicas como os conselhos de direitos.
Infelizmente, ao refletirmos e fazermos o balanço dos últimos anos, percebemos que as respostas a tais questões deixam claro que não temos a cidade que sonhamos e merecemos. E isso ocorre graças a uma gestão engessada, que nunca priorizou o diálogo e a construção coletiva de uma cidade para todos
Em 2020, muito mais que apenas exercer o dever cívico do voto, cidadãs e cidadãos precisam fazer coletivamente esse balanço e, além de escolher nomes desse ou daquele partido, construir juntos um projeto para nossa cidade e nossa população.
A cidade não é o produto de um empreendimento, ela é o resultado de uma ação coletiva que permita que seja realizada por e para todas as pessoas. Uma cidade que permita a todos nós encontrarmos espaços de convivência.
Essas são algumas considerações para iniciarmos o debate local; temos várias experiências exitosas em outras cidades brasileiras que podem nos servir de exemplo, de ponto de partida, para a construção de uma Ribeirão Preto para todas as pessoas que aqui vivem.
Precisamos iniciar já, para que nas eleições consigamos fazer essa agenda urbana avançar.