Uma intensa campanha contra um bar de Ribeirão Preto viralizou nas redes sociais depois que o dono do estabelecimento teve três áudios enviados pelo whatsapp vazados. Neles, empresário conversa com um ex-sócio e afirma que era preciso “limpar” o local e, para isso, sugeriu fazer “pagode de branco”.
A fala é de Cléber Felipe, então sócio do bar, que tentava convencer o seu sócio, Wesley Chaguri, a barrar a entrada de parte do público e também trocar as bandas que se apresentavam no local, entre elas a Climatizô, composta por músicos negros.
“A gente não quer virar um Ipanema, um Vanguarda da vida (…) vamos tentar investir em pagode de branco (…) pra gente dar uma selecionada na galera (…)”, disse Cléber, responsável pelo bar Degraus, que fica no Ipiranga, zona Norte de Ribeirão Preto.
Segundo o funcionário, a intenção era selecionar melhor os frequentadores. Além de impedir a entrada de pessoas com bermudas tactel, ele fez questão de ressaltar que era preciso impedir o acesso de pessoas que não se enquadrassem no perfil.
“Você seleciona, você pega uma galera humilde, mas uma galera de respeito, que consome legal (…) vamos pensando pra ver o que dá pra fazer pra gente pegar uma galera bonita, igual hoje. Hoje não era uma galera bonita, mas era uma galera limpa, que eu tinha orgulho de filmar e mostrar (…)”, disse.
Recusa
Inconformado com a postura do sócio, Guilherme Chaguri deixou a sociedade e afirmou que irá denunciar o caso ao Ministério Público. “Ele não aceitou a forma com que as coisas estavam sendo conduzidas e irá denunciar o caso à Ordem dos Advogados do Brasil e ao Ministério Público”, afirma Wesley Felipe Rodrigues, advogado que representa Chaguri.
Depois da divulgação dos áudios, o grupo Climatizô cancelou todos os shows que faria no local. Além deles, outros grupos de pagode articulam um movimento de boicote ao empresário.
“A intenção da casa era nos tirar devido ao nosso público não ser o padrão deles. Mas nós é que nos resolvemos sair da casa depois dessa atitude”, disse Lucas Quirino da Silva, integrante da banda.
Repercussão
A repercussão, entretanto, ganhou as redes socias. O vereador eleito Ramon Faustino (Psol) foi um dos que se manifestou. Pelas redes sociais, declarou repúdio ao que classificou como racismo. “Esse episódio mostra o racismo declarado! A cultura negra virou negócio, vendável, o capital vende dentro de uma norma, a branca”, disse ele, que comemorou, ainda, o fato de o grupo de pagode ter cancelado o show.
O internauta Richard Luís foi um dos que se manifestou. “Até quando essa divisão, entre classe e cores? isso não pode acontecer mais. Eu sou totalmente contra, não frequente DEGRAUS BAR, o dono de lá é Racista, cara nojento!”, disse ele, que postou um vídeo nas suas redes sociais.
A reportagem tentou falar com responsáveis pelo local, mas não obteve contato até o fechamento da matéria.