Além de influenciarem relacionamentos interpessoais e oferecerem entretenimento e informação, redes sociais também impactam o mercado de trabalho. Já é uma tendência as empresas buscarem por seus profissionais nessas redes, afirma Adriana Caldana, especialista em psicologia do trabalho e professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP. Por isso, alerta para “o uso que se faz de qualquer rede social”, pois tudo que é apresentado nessas plataformas “pode ser e será utilizado na hora de um processo seletivo”.
Redes sociais e as relações de trabalho
Profissionais liberais ou da área artística, principalmente, podem se beneficiar do atual cenário com a criação de “vídeos no Tik Tok e Instagram para promover o próprio nome e carreira”, adianta a professora. Nesse sentido, engajamento baixo ou ruim e até a distância das redes podem contribuir na perda de algumas oportunidades de trabalho.
Exemplo de quem credita as redes sociais como ótimas ferramentas de divulgação do próprio trabalho é a estudante de Nutrição Samanta Tainá Rossi, de 20 anos, que tem um perfil no Instagram para divulgar informações sobre sua área de estudo. Para a estudante, essa é uma ótima maneira de “se destacar no mercado”. Mas, confessa, a ideia de seu perfil surgiu num momento delicado de sua vida, após o falecimento de sua mãe. Navegava pelas redes buscando distrações, quando vislumbrou a possibilidade de ajudar outros estudantes.
Hoje, Samanta cria conteúdos simples e dinâmicos sobre sua área de conhecimento com um propósito claro, o de mostrar “uma nutrição descomplicada, sem neuras, sem restrições e abrir a visão das pessoas para essa importância que é o cuidado com a alimentação”, conta a jovem.
Apesar de feliz com sua atividade, a estudante afirma que o fato de manter um perfil ativo nas redes sociais não determina a qualidade profissional, mas oferece “um leque de opções” que pode ajudar a “alcançar sim, um trabalho legal e a ser visto no meio profissional”. O trabalho nas redes, segundo a jovem, é um desafio todos os dias a exigir criatividade, organização e tempo para conquistar o público. Samanta diz que deseja investir cada vez mais neste meio e aconselha àqueles que desejam o mesmo a enfrentarem o medo. Também avisa que o caminho não é fácil, mas tem recompensa.
Uso estratégico e consciente
Ensina a professora Adriana que o uso das redes sociais na vida profissional e a criação de conteúdo nessas ferramentas levam em conta as especificidades da própria rede escolhida e o alvo profissional de cada pessoa. Profissionais não liberais que buscam “construir carreira e serem contratados por empresas”, orienta, devem considerar o LinkedIn como a melhor rede para engajamento e network. O uso moderado das redes e a boa gerência do perfil profissional, além de relacionar-se com “as palavras-chaves certas e conteúdos certos”, já são suficientes, diz a especialista, que acredita na construção de boa carreira mesmo longe das redes sociais, ainda que seja preciso maior esforço.
Fonte: Vitória Pierri / Jornal da USP