O Hospital das Clínicas será um dos palcos dos testes para vacina da covid-19 que devem começar no final de julho em Ribeirão Preto. Mas esta previsão, no entanto, depende da aprovação da Anvisa e Conep (Comissão de Ética em Pesquisa).
Segundo o professor da FMRP e coordenador da pesquisa em Ribeirão Preto, Eduardo Coelho serão vacinados 300 voluntários da linha de frente do atendimento aos pacientes com convide-19 no Hospital das Clínicas. Ao todo serão realizados 9.000 testes nos 12 centros de testagens.
Médicos, enfermeiros, técnicos, pessoal de limpeza e outras funções que façam parte do atendimento direto aos pacientes são os alvos desse primeiro teste. Os voluntários serão atendidos no ambulatório do Hospital das Clínicas e receberão duas doses da vacina com intervalo de 15 dias. “Estamos agilizando e colocando a maior velocidade possível para concluirmos o trabalho rapidamente”, afirma.
Para ele, o resultado de todos os 12 centros deverão estar prontos entre o final de outubro e início de novembro. Depois disso, “se demonstrar a eficácia que desejamos que tenha serão necessárias outras etapas até a disponibilidade da vacina para chegar à população. Estamos trabalhando e torcendo para que tudo de certo”, finaliza.
Na cidade de São Paulo, os testes serão conduzidos pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Hospital Israelita Albert Einstein. Também serão envolvidos no estado de São Paulo a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Hospital das Clínicas da Unicamp em Campinas, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e o Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
Brasil
As pesquisas serão realizadas, ainda, na Universidade de Brasília (UnB), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul e Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
A vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Sinovac é uma das mais promissoras do mundo, porque utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas. Por isso, o Instituto Butantan avalia que sua incorporação ao sistema de saúde deva ocorrer mais facilmente. O laboratório com sede em Pequim já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.
Agora a farmacêutica fornecerá ao Butantan as doses da vacina para a realização de testes clínicos de fase 3 em voluntários no Brasil, com o objetivo de demonstrar sua eficácia e segurança.
Aprovação
Caso a vacina seja aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial tanto na China como no Brasil para fornecimento gratuito ao SUS (Sistema Único de Saúde). Os passos seguintes serão o registro do produto pela Anvisa e fornecimento da vacina em todo o Brasil.
“A união da experiência do Butantan na produção de imunobiológicos aos esforços da Sinovac permitirá que logo o país tenha uma vacina efetiva e segura contra a covid-19, protegendo as pessoas e salvando milhares de vidas”, afirma o diretor do Instituto Butantan e integrante do Centro de Contingência do coronavírus do estado, Dimas Tadeu Covas.