Julho a setembro de 2010, uma das equipes da polícia federal, base Santarém, foi responsável pela operação Arco de Fogo, que tinha por objetivo reprimir os crimes ambientais. A história também se coincide cronologicamente com a votação do código florestal, que surtia efeitos no comportamento das pessoas que viviam na região e época das eleições presidenciais. Uma história peculiar que merecia ser contada.
O delegado Edson de Souza, que participou da ação, e o jornalista João Carlos Borda se uniram para transformar a operação em um romance policial. Os fatos estão presentes no livro, que conta com a vivência da investigação policial e do jornalismo investigativo, mas andam de mãos dada com a ficção para preservar as investigações da operação e instigar o leitor.
“Nós optamos contar a história por meio de uma ficção, até porque nem todos os crimes eventualmente que tenham sido investigados estão prescritos ou há condenados, então nós optamos, por respeito a tudo que envolve fatos como este, pela ficção. O principal é que nós podemos com essa ficção colocar elementos muito fortes e muito sutis de uma relação ficção-realidade, em que nós deixamos para o leitor ter a sua grata surpresa. Inclusive as fotos que compõem a obra são reais, não são adulteradas, tiradas na oportunidade que a operação ocorreu”, conta o delegado.
O livro demorou cinco anos para ficar pronto. Edson conta que no processo de desenvolvimento na obra, projetos pessoais e profissionais do delegado e do jornalista acabaram distanciando da ideia original. Mas, em 2018, quando assinaram com uma nova editora, o processo de produção e de preparação foi muito rápido. O resultado é gratificante e empolgante, principalmente porque os dois autores tinham o intuito de trazer o ritmo do cinema para o livro. “A melhor expressão é que quando você abre o livro, você está diante de uma tela de cinema. E o objetivo foi esse mesmo, que o leitor tivesse a impressão de estar assistindo a um filme e acho que conseguimos um resultado muito positivo a partir disso. Temos um produto de qualidade, com características literárias únicas e uma boa diversão e ao mesmo tempo muita informação”, explica Souza.
Esse jeito diferente de contar um história veio das paixões dos autores. Edson de Souza é um fã de literatura e cinema e o João Carlos Borda um “rato de biblioteca”. E essa parceria, que deu muito certo, partiu do delegado. Do momento que nasceu a vontade escrever sobre a experiência vivida na Amazônia, Edson percebeu que o livro carregava um forte teor biográfico e entendeu a necessidade de uma visão externa, alguém que contasse a história junto com ele, mas com outro espectro. João Carlos Borda foi o escolhido, especialmente pela paixão pelos livros e da sua experiência com o jornalismo investigativo.
A obra, além de ser um exercício literário jornalístico e policial, pretende contribuir na conservação da Amazônia e no estímulo da leitura. Arco de Fogo será lançado nessa quarta-feira (26), às 19h, na Livraria Cultura, no Shopping Iguatemi. O evento ainda terá um bate-papo com os dois autores.