S.O.S. Educação

Um comentarista esportivo, que não me recordo agora quem foi, disse que uma partida se ganha nos detalhes. Sábias palavras, certamente. Os detalhes fundamentam a vida. Não notá-los é um descuido inominável. Não estou dizendo tudo isso, para falar de futebol, estou usando a alusão para falar de educação. Meu velho e grudento tema. A cada dia que passa, a letargia na solução dos problemas educacionais, desaminam a minha áurea.

Com a chegada do novo governo, espero também a chegada de um novo tempo para a educação. Infelizmente não é isso que estou vendo. Criou-se uma excelente equipe de transição, formada por representantes dos mais diferentes matizes educacionais, com aquilo a que se pode chamar de elite pensante no assunto. É fato.

O que se recebe, pelo menos até agora, é uma velha cantilena de fracassos. Educação é a mãe da riqueza e da miséria. Tratá-la como segundo plano é admitir o erro incomensurável. Estamos sentados sobre um enorme barril de pólvora com um fósforo aceso nas mãos. O estrago dos últimos recentes governos provocou um “emburrecimento” educacional generalizado. Políticas mal formuladas, corrupção, erros acentuados, desmonte intelectual, propostas sem propósito, instrumentação ordinária da estupidez, metas absurdas , postulados medievalescos, sonhos quixotescos, aventuras pirotécnicas de uma suposta tecnologia voltada à educação que passa longe da realidade, formação equivocada de profissionais, sucateamento das universidades, nivelamento rasteiro da qualidade oferecida, aumento significativo da indignidade dos professores, prédios destruídos, alunos desmotivados, escolas sem acolhimento, aulas sem encantamento, entre outros tantos pratos oferecidos no cardápio da educação brasileira.

A pandemia selou a barbárie. E no meio de tudo isso e muito mais, a discussão agora é para saber o nome de quem será o ministro ou ministra da educação. O ponto crucial da vida em sociedade está à venda, num balcão de botequim, a espera de quem pague mais pela pinga tomada e escarrada.

A educação na UTI não quer o nome do médico, quer o remédio que vai curá-la. Educação, infelizmente está longe de ser tratada como política de estado e volta a ser política de governo, como sempre foi.

Será a ex-governadora do Ceará ou o atual? Será alguém com afinidade no partido ou algum estranho no ninho? Às favas com a escolha. Está na hora de entender a educação como prioridade e não como discurso eleitoreiro. Não cabem retóricas. Quais serão as medidas urgentes, necessárias, para começar a recuperar o trato educacional? As aulas começam em fevereiro. Em janeiro, professores iniciam os planejamentos anuais. O que fazer a curto tempo para recuperar esses alunos que estão à míngua, por conta da pandemia e dos desastres provocados pelo governo mais desastroso que tivemos?

Quando o mercado entrou em ebulição, quando os quartéis foram “alugados” por representantes da ordem antidemocrática brasileira, o presidente eleito não hesitou em anunciar os nomes dos ministros. Solução perfeita, lógico. Mas o detalhe do pedido quase mudo da educação, alquebrada e débil, não foi ouvido.

Afinal, que importância tem a educação para essa gente que a trata como moeda de troca? Para quem vê na verba obrigatória do PIB um mecanismo de negociação? Quantos cargos o MEC pode gerar? Quantos favores podem ser alcançados? Mas e a qualidade da educação que a cada dia se arrasta pelo chão do mundo, como cão sarnento? Isso é detalhe. Não importa.

Voltando à alusão do futebol, lembro da frase do profeta Vampeta: “eles fingem que pagam, eu finjo que jogo”.  Parafraseio, dizendo: a gente finge que acredita, eles fingem que vão resolver.

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