O Brasil tem registrado aumento acelerado de casos de picadas de escorpiões. A situação é preocupante e considerada uma epidemia oculta no país em artigo de opinião publicado no dia 8 de maio na revista científica Frontiers. Assinado por pesquisadores brasileiros, o artigo defende o desenvolvimento de medidas para frear o aumento de acidentes por esses animais.
O artigo considera principalmente dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), vinculado ao Ministério da Saúde. Segundo os dados veiculados na publicação, em 2014, foram quase 67 mil casos de acidentes causados pela picada de escorpião em todo o país. Em 2023, esse número foi de cerca de 170 mil. Se o padrão continuar o mesmo, é estimado que sejam mais de 274 mil casos em 2033.
A principal espécie responsável por esse aceleramento é o Tityus serrulatus. Eliane Candiani Arantes, professora da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto no laboratório de toxinas animais explica que essa espécie é bem adaptada ao ambiente urbano, como no caso de esgotos, o que ajuda no alastramento do animal. “Todas as residências são interligadas pela rede de esgoto, então todos estão suscetíveis a um encontro com o escorpião.”
Em Perdizes, zona oeste de São Paulo, por exemplo, moradores e comerciantes estão em alerta após o aumento de relatos sobre a presença de escorpiões na região. Os casos se concentram principalmente na rua Palestra Itália, em frente ao estádio Allianz Parque.
O que fazer em caso de picada?
Em caso de picada, é necessária rápida injeção do soro antiescorpiônico, um antídoto à substância produzida pelo aracnídeo. O veneno do escorpião age sobre o sistema nervoso, podendo causar morte por asfixia por paralisar os comandos do sistema respiratório. A orientação é lavar o local da picada com água e sabão e procurar atendimento médico.
Como previnir
– Mantenha jardins e quintais limpos e evite acumular entulhos, folhas secas, lixo e materiais de construção
– Sacuda roupas e sapatos antes do uso e não coloque as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres
– Deixe ensacado o lixo doméstico e use calçados e luvas de raspas de couro para atividades em que seja preciso colocar a mão ou pisar em buracos, entulhos e pedras
– Use telas em ralos do chão, pias ou tanques e vede frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e as paredes
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress



