Foi assinado nesta terça-feira (08) o contrato para a construção do novo Centro Administrativo de Ribeirão Preto. Conforme divulgado pela prefeitura, o prédio será construído na avenida Paschoal Innecchi, por R$ 173,4 milhões.
O jornalismo do THMais consultou Ricardo Silva (PSD) e Marco Aurélio (NOVO) a respeito da obra. Os candidatos, que disputam o segundo turno, opinaram sobre o uso dos recursos, o afastamento do setor central e o impacto no comércio. Confira na íntegra:
Ricardo Silva (PSD)
“Como prefeito de Ribeirão Preto, não vou tirar a prefeitura do Centro. Nós faremos uma revitalização completa do nosso centro, com iluminação, zeladoria e vamos manter a prefeitura na região central porque isso traz vida. Um Centro Administrativo no Centro faz parte de um grande projeto de revitalização, com atenção ao nosso Mercadão e Centro de Compras, além de combater os problemas sociais que tanto atrapalham essa região.
É um compromisso que já assumi publicamente: olhar com carinho para o nosso Centro. Isso passa efetivamente por manter nossa prefeitura no coração da cidade.”
Marco Aurélio (NOVO)
“Eu sou totalmente contra esse projeto do novo Centro Administrativo. A minha proposta é a de utilizar esse recurso financeiro para revitalizar patrimônios públicos históricos da área central e recuperar a nossa essência, apoiar o nosso comércio, buscar o desenvolvimento econômico e trazer as famílias de volta para essa localidade.
É uma herança muito ruim que está sendo deixada pelo atual governo para a próxima gestão. Existe uma grande falta de comunicação da prefeitura em relação aos reais interesses e necessidades da população. São decisões à revelia, na canetada, sem a participação popular.
Eu não concordo com isso e lutarei até o fim para que isso não aconteça.”
O projeto
O novo Centro Administrativo ocupará um terreno de 106 mil metros quadrados, com área construída de aproximadamente 34 mil metros quadrados. A empresa vencedora da licitação foi a H2Obras Construções Ltda.
O objetivo é que o espaço abrigue a sede de órgãos e entidades municipais, como as secretarias da Administração, Negócios Jurídicos, Saúde, Educação, Meio Ambiente, Cultura, Planejamento, Obras Públicas, Infraestrutura, Assistência Social, Esportes, entre outros.
De acordo com a prefeitura municipal, as principais vantagens da construção do Centro Administrativo para Ribeirão Preto estão na modernização e melhoria do atendimento à população; na redução de despesas e na otimização da administração pública.
O prazo para conclusão da obra está previsto em 36 meses, a partir da emissão da ordem de serviço.
“Sem diálogo”
Ainda na terça-feira, mas poucas horas antes da assinatura do documento, a Associação Comercial divulgou uma nota contrária à construção do novo espaço de administração. A Acirp acusa a falta de planejamento e de diálogo. Uma proposta de plebiscito foi engavetada.
Confira o manifesto na íntegra:
“A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) vem a público manifestar seu repúdio à decisão da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto em assinar, nesta terça-feira (8/10/24), o contrato para construção de um novo Centro Administrativo.
A medida, tomada sem diálogo e planejamento, desconsidera a infraestrutura existente na região central e ignora os investimentos realizados, inclusive pela atual gestão, para melhorar a mobilidade e a acessibilidade ao Centro.
A Acirp defende que a região central da cidade reúne todas as condições necessárias para abrigar a sede do Poder Executivo Municipal, proporcionando facilidade tanto para os servidores quanto para os munícipes que necessitam de atendimento presencial.
A criação de uma nova estrutura administrativa em outra região, além de acarretar custos adicionais, configura um desperdício dos recursos públicos e o abandono de investimentos já realizados que deveriam ser aproveitados de maneira eficiente.
Causa-nos ainda mais perplexidade que uma decisão dessa magnitude seja tomada a pouco mais de dois meses para o término do atual governo e às vésperas do segundo turno das eleições municipais.
A assinatura de um contrato desta relevância e de grande impacto para o futuro da cidade deveria ser postergada, de modo que o próximo chefe do Executivo, que assumirá o cargo em janeiro de 2025, pudesse participar do processo.
Diante disso, a Acirp reitera sua posição contrária à retirada da Prefeitura da região central de Ribeirão Preto e reforça seu apoio a um debate mais amplo e transparente sobre o uso dos recursos municipais, priorizando a eficiência administrativa e o aproveitamento da infraestrutura existente.”
Sindicatos comerciais da cidade também se manifestaram contrários ao projeto fora do perímetro central da cidade. Confira a íntegra:
“As entidades SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista), CDL RP (Câmara de Dirigentes Lojistas), SINHORES Nordeste Paulista (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares), SINCOMERCIÁRIOS RP (Sindicato dos Empregados do Comércio de Ribeirão Preto) e SINDHOTELEIROS RP (Sindicato dos Trabalhadores de Hotéis, Motéis, Restaurantes, Bares e Fast-Foods de Ribeirão Preto) unem forças para *repudiar e reiterar posição contrária à construção de um Centro Administrativo da Prefeitura de Ribeirão Preto fora da região central da cidade.
Tal medida representa mais um duro golpe contra o Quadrilátero Central de Ribeirão Preto, que, há décadas, sofre um processo de esvaziamento agravado, nos últimos anos, pelos efeitos da pandemia e pelos impactos negativos das obras de corredores de ônibus, que trouxeram transtornos e prejuízos ao setor produtivo, aos moradores e ao próprio município.
As instituições ressaltam, ainda, que não são contrárias à modernização da gestão pública, no entanto, defendem que o investimento de R$ 173 milhões, previsto para a obra, seja feito na região central, no sentido de revitalizá-la e não de prejudicá-la ainda mais.
As entidades também entendem que é preciso levar mais desenvolvimento socioeconômico para a zona norte de Ribeirão Preto, mas que isso seja concretizado por meio de outras ações e políticas públicas, que não envolvam a retirada do Centro Administrativo da região central, consolidada como a de mais fácil acesso para toda a população.
Por fim, as instituições signatárias desse documento defendem que o referido contrato *não seja assinado e que a licitação para a obra seja *suspensa. As entidades classificam a *insistência em dar continuidade à contratação dessa obra como *descabida, *in oportuna e *prejudicial à cidade, considerando, inclusive, que estamos a menos de três meses do final da atual gestão.
Desde já, assim como sempre fizemos, nos colocamos à disposição para o diálogo, no sentido de buscar uma solução.”