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Segurança Pública em tempos de pandemia: agora, os crimes ocorrem dentro de casa

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O artigo anterior, publicado em 07 de abril, trouxe a preocupação do Gestor de Segurança Pública em adequar o planejamento das ações de polícia preventiva, no sentido de adaptá-las às atuais circunstâncias trazidas pelo momento único enfrentado pela sociedade, com ruas mais vazias e mais pessoas dentro de casa ou, em alguns casos, idosos sozinhos.

Esse momento único mostrou-se desafiador ao Gestor de Segurança Pública, sob o ponto de vista de que nossa sociedade não havia passado por experiência recente dessa natureza que poderia fornecer elementos e estudos doutrinários capazes de nortear as ações preventivas, sobretudo para a proteção das pessoas vulneráveis dentro de casa.

Países como a China e a França triplicaram os números de violência doméstica¹, e em cidades dos EUA, como Seattle, houve um aumento de 22% nas ligações ao 911-Emergência denunciando violência doméstica².

Dessa forma, a segurança de pessoas vulneráveis, como mulheres, idosos e crianças, nesse período, exige toda a preocupação não somente dos Gestores de Segurança Pública, mas de toda a sociedade civil organizada.

E os números no Brasil confirmam a tendência mostrada nos outros países. No Estado de São Paulo, o acréscimo foi de 20% nas chamadas de violência doméstica, no período de 20 de março a 13 de abril, com tendência de alta, infelizmente³.

As estatísticas criminais consolidadas do mês de março/2020, no Estado, ainda não foram disponibilizadas (https://www.ssp.sp.gov.br/Estatistica/Pesquisa.aspx). Contudo, não será surpresa o aumento nos números de violência doméstica e até sexual, lamentavelmente.

A questão é: como frear essa tendência? Como evitar a violência dentro de casa?

Não há resposta simples ou análise estatística que supere essa dificuldade, sobretudo em razão de que essas vítimas não são vistas por vizinhos ou familiares e ainda convivem com o agressor, o que lhes impossibilita denunciar.

Contudo, aquilo que os olhos não enxergam pode ser ouvido. E, nessas horas, a denúncia anônima faz a diferença para que seja protegida a integridade física dessas vítimas. As agressões não ocorrem de forma isolada. Sempre há precedentes, como desentendimentos, discussões, gritos, enfim, sinais de que algo está errado.

É nessas horas que a solidariedade de vizinhos, familiares e amigos faz a diferença. A solução para esses casos não é simples, mas a ligação para o 181 (disque denúncia) ou para o 190-Emergência é simples e anônima, se preferir. E essa ligação pode salvar vidas.

Referências