Sem golpe, sem atentado: Lula toma posse e é o novo Presidente da República

Congresso empossa 39º presidente da República do Brasil

Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto

Às 15h07min deste domingo (1), o Brasil passou a ter um novo comando político. Luiz Inácio Lula da Silva, tomou posse como o 39º presidente do país, acompanhado pelo vice, Geraldo Alckmin. A solenidade aconteceu, em primeiro lugar, no auditório Ulisses Guimarães, no Congresso Nacional, e foi comandada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Depois de empossado, Lula fez o discurso aos parlamentares e em seguida dirigiu-se ao Palácio do Planalto, onde recebeu a faixa presidencial e fez um discurso aos apoiadores que lá se encontravam e, consequentemente, a toda nação brasileira.

Ao contrário do que radicais da extrema-direita, apoiadores do ex- presidente Jair Bolsonaro imaginavam, não houve qualquer golpe das forças armadas, muito menos atentados políticos. O clima, apesar da forte segurança envolvida, foi amistoso e tranquilo.

“Os direitos e interesses da população, o fortalecimento da democracia e a retomada da soberania nacional serão os pilares de nosso governo. Este compromisso começa pela garantia de um Programa Bolsa Família renovado, mais forte e mais justo, para atender a quem mais necessita. Nossas primeiras ações visam a resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiras e brasileiros, que suportaram a mais dura carga do projeto de destruição nacional que hoje se encerra”, disse Lula, que assume o cargo de presidente da República pela terceira vez.

Ao chegar ao plenário da Câmara dos Deputados, Lula foi aplaudido por parlamentares e 74 representantes de delegações internacionais, dos quais 24 são chefes de estado. A solenidade foi iniciada com a leitura do Termo de Posse pelo primeiro-secretário do Congresso, deputado Luciano Bivar (União-PE). O mandato de Lula e seu vice-presidente, Geraldo Alckimin, vai até 4 de janeiro de 2027.

Lula iniciou seu discurso lembrando da mensagem de seu primeiro mandato, em 2003. Na ocasião, o presidente iniciou o discurso de posse com a palavra “mudança”. Para ele, será necessário repetir compromissos com “direito à vida digna, sem fome, com acesso ao emprego, saúde e educação”.

“Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes”, ressaltou. “Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta Nação levantou, a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços”.

Emocionado, Lula afirmou que seu trabalho será de reconstrução. “Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre. Para confirmar estas palavras, teremos de reconstruir em bases sólidas a democracia em nosso país. A democracia será defendida pelo povo na medida em que garantir a todos e a todas os direitos inscritos na Constituição”, declarou.

O presidente disse que serão revogadas “injustiças cometidas contra os povos indígenas” e o teto de gastos. Para ele, a medida gerou impacto negativo no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, afirmou que programas sociais serão recompostos

“O SUS é provavelmente a mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 1988. Certamente por isso foi a mais perseguida desde então, e foi, também, a mais prejudicada por uma estupidez chamada Teto de Gastos”, argumentou. “Vamos recompor os orçamentos da Saúde para garantir a assistência básica, a Farmácia Popular, promover o acesso à medicina especializada. Vamos recompor os orçamentos da educação, investir em mais universidades, no ensino técnico, na universalização do acesso à internet, na ampliação das creches e no ensino público em tempo integral”, disse. “Este é o investimento que verdadeiramente levará ao desenvolvimento do país”, acrescentou.

Lula também destacou a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na condução do pleito e disse que a frente democrática vitoriosa superou “a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu”, em referência à campanha do candidato Jair Bolsonaro.

“Nunca os recursos do Estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder, nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos, nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentira disseminadas em escala industrial”, disse.

Segundo Lula, o diagnóstico realizado pelo Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. O levantamento é um mapeamento da situação atual do Estado Brasileiro.

“Desmontaram a educação, a cultura, a ciência e tecnologia. Destruíram a proteção ao meio ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social. Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a estupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas”, afirmou.

Sem mencionar o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula afirmou que sua gestão não será marcada por “revanche”. Mas destacou que “quem errou responderá por seus erros”.

“Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros com direito a ampla defesa, dentro do devido processo legal”, disse.

Entre as principais medidas, Lula afirmou que conversará com os 27 governadores para definir as prioridades de sua gestão. Entre as medidas, o presidente destacou que serão retomadas 14 mil obras paralisadas no país.

“Vamos retomar o Minha Casa Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos na velocidade que o Brasil requer. Buscaremos financiamento e cooperação – nacional e internacional – para o investimento, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, exportações, serviços, agricultura e a indústria. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo”, pontuou.

Antes de assinar o termo de posse, Lula quebrou o protocolo contou que ganhou a caneta que seria usada na ocasião foi presente de um apoiador piauiense na campanha eleitoral de 1989, depois de um comício em Teresina, quando caminhava na companhia de Welington Dias.

“Essa caneta aqui é uma homenagem ao Estado do Piauí”. O estado do Piauí registrou a maior votação proporcional para Lula nas eleições de 2022, com mais de 76% dos votos. Com a assinatura, são formalizados a posse e o início do mandato do presidente da República e seu vice.

Após ser empossado no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu hoje (1º) a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, e recebeu a faixa presidencial de cidadãos que representam a diversidade do povo brasileiro. Entre eles estava o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó, e Aline Sousa, de 33 anos, catadora de materiais recicláveis do Distrito Federal.

No parlatório, ao som da música “Trenzinho Caipira” de Heitor Vila Lobos, Lula fez um duro discurso, começando por agradecer a todos que estiveram ao lado dele, no episódio conhecido como “Lula Livre, quando esteve preso em Curitiba. Agradeceu também aos que enfrentaram a violência eleitoral, vinda das  fake News. Disse que a campanha terminou e agora vai governar para todos, ressaltando que é tempo de dar fim às divergências, principalmente as familiares.

Por vários momentos, enfatizou que a alegria voltou aos brasileiros, mas lembrou que o país andou para trás, no campo do desenvolvimento, notadamente o social. Um dos pontos importantes do discurso foi quando Lula ressaltou que a volta da fome é o maior crime cometido contra a nação.

“Quando digo governar, digo cuidar” falou Lula, destacando que há muito tempo não se via tanta miséria nas ruas, trabalhadores desempregados. Chorou ao se referir a um cidadão que fica nas esquinas, com uma placa de papelão, pedindo ajuda, pedindo comida. Relembrou dos que vão às filas nos açougues, comprar ossos para ter o que comer, enquanto outros fazem filas para comprar jatinhos. Destacou que não é possível imaginar que seis bilionários tenham a renda somada de 100 milhões de brasileiros.

Prometeu uma luta árdua contra as desigualdades de toda espécie, principalmente contra as mulheres. Enfatizou que terminar com o preconceito é mais do que necessário, é o caminho, seja esse preconceito do jeito que for.

Por diversos momentos lembrou que esse governo é o governo da reconstrução de um país devastado por um governo irresponsável. Agradeceu ao SUS pelo combate ao vírus da covid, mesmo que tenha enfrentado o negacionismo e o descaso do executivo.

Lembrou também que não será um governo de revanchismo, mas aqueles que contribuíram para a morte de centenas de milhares de pessoas, vão responder criminalmente pelos atos. A preservação do meio ambiente e a retomada do protagonismo internacional do Brasil foram itens destacados insistentemente.

Finalizou ao dizer que vai lutar com a arma que seus adversários mais temem, a verdade. O lema do discurso de Lula foi a união, a frente ampla que irá reconstruir o país.

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