SP lança maior programa de saúde digital da rede pública; cidades da região já aderiram à iniciativa

Tecnologias permitirão atendimento em atenção básica, saúde especializada e suporte para as equipes hospitalares

Anúncio ocorreu durante a inauguração do Centro Líder de Inovação em Saúde Digital do Estado, instalado no Instituto Perdizes do Hospital das Clínicas, na capital paulista | Foto: Divulgação

O governador Tarcísio de Freitas lançou nesta segunda-feira (19) o maior programa de saúde digital da rede pública de São Paulo. A iniciativa reúne soluções tecnológicas que ofertarão atendimentos voltados para a atenção primária, consultas com especialistas, suporte às equipes hospitalares, além de assistência à população privada de liberdade. As diversas ferramentas de telessaúde aumentarão a oferta de serviços, além de agilizar o diagnóstico e dar mais resolutividade à rede de saúde.

“O time da Saúde está promovendo uma revolução digital, mas com o tempo a sociedade vai perceber a melhoria na prestação desse serviço tão importante. A implementação da saúde digital, das ferramentas de saúde digital tem que ser paulatinas e constantes. É isso que vai fazer a saúde digital dar certo”, afirmou o governador.

“E a gente tem um desafio, entre outras coisas, que é preparar o estado para o envelhecimento da população. As pessoas vão viver mais, vão precisar de mais serviços de saúde e a gente tem que pensar como preparar o estado para a mudança demográfica que está em curso. Além de investimento e regionalização, precisamos usar tecnologia e tornar o serviço da saúde mais acessível”, completou Tarcísio.

O anúncio ocorreu durante a inauguração do Centro Líder de Inovação em Saúde Digital do Estado, instalado no Instituto Perdizes do Hospital das Clínicas, na capital paulista. O espaço, que reúne tecnologia de ponta e profissionais de saúde em diversas áreas, será responsável em coordenar todas as políticas públicas em saúde digital. A inauguração contou com a presença dos secretários estaduais Eleuses Paiva (Saúde), Vahan Agopyan (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Marcello Streifinger (Administração Penitenciária), o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado, e outras autoridades do setor de saúde.

O local dispõe de 98 estações de teleatendimento e um painel de monitoramento que apoiará as tomadas de decisões. Além disso, permitirá coordenar os serviços de saúde que farão parte do programa de saúde digital e monitorar os resultados dos serviços prestados à população. O Centro integra as mais variadas tecnologias em saúde digital, possibilitando a conexão de ferramentas que otimizam os quatro modelos de telessaúde: atenção primária, especializada e hospitalar, além de assistência à população privada de liberdade. Todos já estão em funcionamento e serão expandidos gradativamente pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) para toda a rede de saúde paulista.

“A saúde digital é a grande ferramenta para melhorar eficiência e qualidade e otimizar recursos. No nosso centro vamos fazer a integração e aprimorar as inovações digitais, e, depois, compartilhar o conhecimento por todo o estado e ver tudo isso aplicado à prática clínica”, afirmou o secretário de Saúde, Eleuses Paiva.

O local dispõe de 98 estações de teleatendimento e um painel de monitoramento que apoiará as tomadas de decisões

O Centro Líder de Inovação em Saúde Digital é uma das iniciativas do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Digital (PD&I Saúde Digital), uma parceria da SES com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que funcionará como articulador na gestão e automação de processos. É um serviço destinado ao estudo e validação das melhores soluções para qualificar, ampliar e facilitar o acesso do cidadão à assistência em saúde. O programa possui um investimento previsto no valor de R$ 166 milhões.

Atenção Básica

O serviço voltado para a rede básica de saúde é o TeleAPS (Tele Atenção Primária em Saúde), que permite atendimento multiprofissional remoto a pacientes de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e dos programas de Estratégia Saúde da Família (ESF) dos municípios paulistas, por meio de teleconsultas e atendimento domiciliar remoto a pacientes crônicos.

Além das ofertas de serviços nas UBS, serão utilizados tablets para que as teleconsultas sejam realizadas com pacientes que precisam de acompanhamento domiciliar. A ideia é expandir o modelo gradativamente para os 645 municípios paulistas.

A iniciativa já conta com a adesão de 30 municípios: Alfredo Marcondes, Atibaia, Borborema, Cajamar, Casa Branca, Colômbia, Conchal, Conchas, Cordeirópolis, Euclides da Cunha Paulista, Guará, Iacanga, Ibirá, Iepê, Iguape, Ipiguá, Itapeva, Jarinu, Monte Azul Paulista, Penápolis, Peruíbe, Piraju, Registro, Roseira, Santa Branca, Santa Cruz do Rio Pardo, Santa Rosa de Viterbo, Tabatinga, Ubarana e Vargem Grande Paulista.

De abril a agosto, já foram realizados nesta iniciativa mais de 8 mil teleatendimentos, com uma taxa de 82% de resolutividade, ou seja, consultas que foram feitas sem a necessidade de encaminhamento para médicos especialistas, solucionando as queixas dos pacientes, agilizando o diagnóstico e, consequentemente, reduzindo o tempo de espera. Também foi observada taxa de absenteísmo (falta à consulta marcada) menor que a média registrada historicamente, quando comparada aos dados anteriores ao início do projeto.

O paciente procura uma UBS, com ou sem agendamento e, após triagem, é encaminhado para uma sala de teleatendimento para consulta com um profissional especializado em Medicina de Família e Comunidade ligado ao HCFMUSP. Se necessário, após a consulta, o profissional da UBS orienta o paciente sobre os próximos atendimentos, medicamentos e entrega de documentos. Estão previstas mais de 437 mil teleconsultas nos próximos dois anos na rede de atenção primária, com a participação de 30 novas UBSs.

Outra iniciativa da atenção básica digital é o projeto TeleSAP, que iniciou no último mês o teleatendimento em 26 unidades prisionais. Até a primeira semana de agosto, mais de 1,3 mil pessoas privadas de liberdade foram atendidas, com 1,5 mil teleatendimentos. Nesse período, a agenda de teleconsultas disponibilizada teve uma taxa de ocupação de 95% e índice de resolutividade de 84%, abrangendo as especialidades de cardiologia, endocrinologia, gastroenterologia, infectologia, hematologia, nefrologia, neurologia, ortopedia e psiquiatria.

Entre os objetivos do TeleSAP estão ampliar e qualificar o acesso desta população à assistência à saúde, proporcionar qualificação profissional na atenção primária às equipes locais das unidades prisionais, além de apoiar o restabelecimento de conexão das unidades com os equipamentos de saúde dos territórios em que estão localizadas. Para este serviço está prevista a realização de mais de 40 mil teleconsultas e ampliação para mais 26 unidades prisionais, totalizando 52 UPs.

Atenção especializada

O “AME+ Digital” possibilitará melhoria do atendimento ao paciente por meio de plataforma unificada, triagem qualificada, teleatendimento e aplicativo virtual. Neste momento, o modelo oferece assistência à população privada de liberdade em 63 unidades prisionais que possuem corpo médico para atendimentos internos, caso haja alguma necessidade de complemento por meio do atendimento presencial.

Nos próximos meses, o AME + Digital começará a oferecer um serviço híbrido nos AMEs Botucatu, Dracena, Itapeva e Ourinhos, com o potencial de impactar cerca de 4 milhões de pessoas. O serviço incluirá consultas nas especialidades com menores ofertas e de maior prevalência. Os agendamentos serão realizados por meio do Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (Siresp). Com esse novo modelo, o Governo de SP pretende reduzir as filas de espera, ter assertividade na realização de exames e agilidade no agendamento de novas consultas.

Alta complexidade

A TeleUTI auxiliará as equipes dos hospitais da rede pública de saúde com discussões dos quadros clínicos de pacientes internados nas UTIs, com o objetivo de melhorar resultados assistenciais, diminuir do tempo médio de permanência dos pacientes nos leitos e promover maior giro de leitos nas UTIs, reduzindo custos com construção de novos leitos em até R$ 76 milhões. Esta iniciativa está em fase de treinamento dos profissionais de saúde, que serão os pontos focais das equipes assistenciais nos hospitais da rede pública de São Paulo.

Capacitações

Por meio do PD&I Saúde Digital também são realizadas diversas modalidades de capacitação de profissionais de saúde. De abril até o início de agosto, 1.248 profissionais passaram pelo programa, sendo 178 em capacitações realizadas nas UBS participantes, 465 treinamentos gravados e 615 capacitações ao vivo.