O estado de São Paulo ganhou nos últimos dois anos a restauração florestal de uma área equivalente a 16,5 mil campos de futebol. Foram 10,4 mil hectares com plantio neste ano, a partir de ações de restauração monitoradas, apoiadas ou conduzidas pelo Governo de SP.
Em 2023, o número de áreas recuperadas foi de 6,6 mil hectares. Ou seja, neste período, uma área equivalente a 108 Parques Ibirapuera entrou em processo de recuperação (cerca de 17 mil hectares). O levantamento é da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil).
O plantio tem sido realizado por pessoas físicas e jurídicas, assim como pelo próprio Estado e entidades parceiras, em áreas degradadas que passam então a ser restauradas. São locais de mata atlântica e cerrado, biomas predominantes em São Paulo, nos quais são plantadas mudas nativas adequadas para cada área.
Cerca de 14.700 hectares foram restaurados com vegetação nativa de mata atlântica. Outros 2.300 hectares foram recuperados em áreas de cerrado paulista. As informações estão disponíveis e abertas no Painel Verde, da Semil, que pode ser acessado aqui.
Com a iniciativa, o Governo de São Paulo e parceiros aumentam a cobertura vegetal no estado, reforçando o compromisso com a mitigação das mudanças climáticas, a preservação da biodiversidade e a geração de serviços ecossistêmicos essenciais, como a proteção dos recursos hídricos.
“A preservação dos nossos ecossistemas e da biodiversidade é pilar fundamental do Plano Estadual de Meio Ambiente, e temos uma meta rigorosa de colocar em restauração 37,5 mil hectares até 2026. Estamos evoluindo com consistência, com a colaboração de diversos setores da sociedade, que são essenciais para o sucesso de iniciativas como o Refloresta SP”, afirma Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo.
As ações executadas nos últimos dois anos englobam a conservação com cobertura florestal nativa, restauração por meio da regeneração natural, plantio de mudas nativas, combinação de pastagem e árvores na mesma área e floresta manejada. Podem ser motivadas pelo papel fiscalizador e fomentador do Estado, para a ampliação de unidades de conservação, por exemplo, ou por iniciativas voluntárias.
Os resultados foram atestados por levantamento realizado pelo MapBiomas e Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado em novembro, que mostrou que, pela primeira vez nos últimos 16 anos, a regeneração da mata atlântica superou o desmatamento do bioma. Os pesquisadores destacaram o Parque Ecológico Guarapiranga, na capital, como um dos exemplos de regeneração. A unidade conta com 330 hectares de mata atlântica.
Refloresta-SP
O Programa Refloresta-SP é composto por uma série de linhas de ação, que incluem o Programa Nascentes, que protege o entorno de pequenos cursos d’água que depois formarão rios e represas que abastecem os paulistas; o financiamento de projetos municipais para proteção e restauração de paisagens e ecossistemas, com recursos do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (Fecop); a ampliação e consolidação de Unidades de Conservação e a estruturação de arranjos de financiamento para apoiar os proprietários rurais na mudança do uso do solo almejada.
O Programa Nascentes, por exemplo, é uma plataforma de encontro e articulação, que identifica empresas, ONGs restauradoras e proprietários interessados em receber a recuperação em seu imóvel, além de engajar pessoas físicas e jurídicas que queiram fazer a restauração voluntariamente ou possuam obrigações ambientais a serem cumpridas. Até o momento, já foram plantadas quase 60 milhões de mudas.
Ainda dentro da recuperação de áreas florestais no estado de São Paulo, a Cetesb atestou neste ano a recuperação de 2,7 mil hectares de mata nativa, aumento de 50% em relação ao resultado de 2023, quando foram 1,8 mil hectares. Esses números são resultado da fiscalização do cumprimento dos Termos de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRAs). São plantios decorrentes de compensações por quaisquer tipos de intervenções, como obras. Já com os projetos incentivados pelo Fecop, o investimento foi de R$ 23,7 milhões.
Outras iniciativas do Estado que visam a restauração incluem projetos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), instrumento econômico que remunera quem conserva a natureza, incentivando atividades que garantam a manutenção dos ecossistemas.
O Programa Guardiões das Florestas, por exemplo, remunera povos indígenas que contribuem com a preservação das Unidades de Conservação onde estão suas aldeias. Já o PSA Juçara atua no replantio da palmeira-juçara, ameaçada de extinção. Produtores locais recebem para plantar e manter novas áreas reflorestadas com a palmeira. Os investimentos da Fundação Florestal nesses programas eram de R$ 332 mil em 2022. Atualmente, são investidos por ano quase R$ 3 milhões, com a participação de centenas de famílias.
Tecnologia e inovação na restauração
Além do aumento expressivo nas áreas restauradas, o Refloresta-SP mobilizou uma rede composta por mais de 140 viveiros de mudas nativas, que são monitorados pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e responsáveis pela produção de 28 milhões de mudas por ano.
Dentro do programa, o IPA atua com o uso de tecnologias avançadas para monitoramento e planejamento das ações. Em 2024, o programa ampliou o uso de geotecnologia e sistemas de informação para mapear áreas prioritárias e monitorar o crescimento das mudas em campo. Esses recursos têm garantido maior eficiência nas ações e permitiram a realização de mais de 1,2 mil vistorias em áreas restauradas ao longo do ano.
Plataforma de áreas restauráveis
Para ampliar as iniciativas de restauração no estado de São Paulo, a Fundação Florestal lançou a Plataforma de Restauração das Áreas Protegidas do Estado de São Paulo (https://plataforma.fflorestal.sp.gov.br/). A ferramenta oferece informações detalhadas sobre as áreas potencialmente restauráveis dentro das unidades de conservação paulistas.
São dados como classificação da área, características da vegetação, uso do solo, declividade, distância de rodovias e viveiros, potencial de regeneração natural e aptidão para restauração ativa. Cerca de 40 mil hectares de áreas protegidas com potencial para restauração estão mapeados na plataforma, oferecendo um verdadeiro catálogo à disposição de qualquer órgão ou entidade que queira desenvolver projetos de restauração.
São mais de 90 camadas de informação, de 15 fontes oficiais ou cientificamente comprovadas, que são cruzadas e sobrepostas com inteligência artificial para oferecer dados precisos e atualizados. Áreas que foram destruídas pelos incêndios deste ano, por exemplo, estão dentro da plataforma.
“Temos a Plataforma e também o Finaclima, instrumento que estamos terminando de estruturar para receber investimentos privados em ações de resiliência. Além disso, estamos fechando a estruturação de um sistema de concessão de serviços em áreas públicas para recuperação vegetal com possibilidade de geração de créditos de carbono. Tudo isso vai permitir um salto ainda maior na meta de restauração florestal em São Paulo”, enfatiza Natália.