Ao ver o título deste artigo, nosso sempre atento leitor pode se perguntar: será mais uma taxa de condomínio a ser paga? A resposta: ainda não.
Pois bem, até que o Poder Público resolva tributar a pró-atividade do cidadão que investe em ferramentas de prevenção criminal, a iniciativa de algumas pessoas em monitorar, em tempo real, sua rua e até seu bairro, é extremamente louvável.
Basicamente, quando se fala em segurança patrimonial, importante lembrar de que nem sempre é possível se utilizar de barreiras físicas para tentar coibir a ação delituosa. Os modelos tradicionais de condomínios, horizontais ou verticais, sempre investiram muito nesse quesito, ou seja, muros altos, portões automáticos, guaritas, enfim, obstáculos físicos que dificultam a ação de marginais.
Mesmo diante desse investimento, as circunstâncias impostas pelo sentimento de impunidade, pela criatividade e ousadia dos marginais exigiram o desenvolvimento de outros mecanismos de contenção, ou pelo menos de tentativa de contenção, fazendo surgir outra forma de barreira, qual seja a virtual (ou tecnológica).
As barreiras tecnológicas ainda não resultaram em inibição total dos delitos, mas se mostraram eficientes em coibir a ação dos criminosos, assim como na produção de prova para eventual definição da autoria do crime e de sua materialidade.
Câmeras e softwares inteligentes possibilitam monitorar, em tempo real, residências, empresas, ruas e até bairros inteiros, e particularmente nestes, fez ressurgir um fenômeno bem interessante, o de integração entre vizinhos, os quais fazem chegar rapidamente às autoridades policiais as informações necessárias a uma pronta resposta.
Implantada a “cerca ou barreira tecnológica” em seu bairro, portanto criando o Condomínio Virtual, os vizinhos passaram a se integrar uns com os outros, mesmo que por meio de aplicativo de celular, criando uma comunidade participativa em locais não cercados por muros altos.
E essa integração tem produzido bons resultados, que podem ser confirmados pela significativa redução de 13% nos furtos e de 16% nos roubos, no comparativo entre os primeiros meses de 2019 e 2020, conforme publicado pela SSP/SP.
Assim sendo, a integração entre vizinhos, e entre estes com os órgãos de segurança pública, tendo como aliadas as ferramentas tecnológicas, demonstra que é possível potencializar a sensação de segurança da comunidade, tão essencial para uma convivência social justa e harmônica.