Suspeito ribeirão-pretano de patrocinar ato golpista em Brasília já foi condenado por atacar médicos na pandemia

Reportagem do Portal UOL revela que o publicitário Genival Silva, apontado como suposto financiador dos atentados em Brasília, foi condenado a indenizar dois médicos de Ribeirão Preto

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Genival com o ex-presidente, Jair Bolsonaro - Foto: Rede social

Suspeito de ser um dos patrocinadores do ato anti-democrático que ocorreu em Brasília, no dia 8 de janeiro, o publicitário e ex-presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda Ribeirão Preto (APP), Genival Silva, já foi condenado por atacar médicos durante a pandemia da Covid-19, de acordo com reportagem de Rogério Gentile, publicada no Portal UOL nesta quarta-feira (18).

O ex-candidato a vereador pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), nas eleições de 2016, foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil ao médico Benedito Carlos Maciel, que na época ocupava o cargo de superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Na ocasião, em agosto de 2020, o publicitário utilizou suas redes sociais para chamar o médico de “comunista, salafrário, verme, charlatão e assassino”, ao comentar uma entrevista em que Maciel defendeu o uso de máscaras e o distanciamento social. Além disso, Genival afirmou que não recomendava o uso de medicamentos sem comprovação científica no combate à pandemia.

Continuando os ataques, o empresário nascido em Pernambuco, que utiliza o nome “Gê Silva” em suas redes sociais, afirmou que a classe médica estava “podre” e que era responsável por uma “carnificina mórbida, macabra e desumana”, “matando em nome de ambições políticas”, declarando ainda que está “comprovado cientificamente” que a máscara prejudica a saúde de quem a utiliza.

Na defesa apresentada à Justiça, ele disse ser um “publicitário com cunho jornalístico”, “dotado de conhecimento e informações”. Além disso, Genival ainda afirmou que, à época da postagem, sofria a angústia de ter um ente querido doente e disse acreditar que a morte do parente ocorreu em razão de negligência médica, uma vez que o hospital não se utilizou da “medicina correta e segura”, citando o uso precoce da cloroquina, da azitromicina e do zinco, medicamentos que não possuem eficácia comprovada para o tratamento da infecção causada pelo Coronavírus.

O empresário foi condenado em primeira instância a pagar uma indenização por danos morais de R$ 30 mil, porém recorreu da decisão, e os desembargadores do Tribunal de Justiça reduziram o valor da condenação para R$ 15 mil.

Segundo processo

A segunda condenação de Genival também foi motivada por ataques nas redes. Na época, Gê Silva foi processado pelo médico Ulysses de Matos após ser chamado “petralha” e “médico sem caráter” em razão de entrevista em que defendia o confinamento social e medidas que vedavam a utilização de praças e outros locais públicos na pandemia em Ribeirão Preto.

Para a Justiça, Genival afirmou, assim como no outro processo, que apenas exerceu seu papel de “cidadão crítico”, citando “o direito constitucional ao livre pensamento”. Mesmo com a alegação, foi condenado em primeira e em segunda instância a pagar uma indenização de R$ 10 mil ao profissional da saúde.

Em ambos os processos, o publicitário não pode mais recorrer do mérito das decisões.

Anti-democracia

Genival é um dos citados no processo em que a Advocacia Geral da União (AGU) obteve na Justiça Federal o bloqueio dos bens dos supostos financiadores dos ataques.

Nas redes sociais, Gê Silva possui foto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e utilizou o canal para compartilhar diversos vídeos das manifestações que ocorreram após as eleições presidenciais no quartel do Exército localizado na rua Duque de Caxias, na região central do município. Em um dos posts, Genival chegou a afirmar que “autorizou a intervenção militar”, além de convocar civis para o ato inconstitucional na cidade.

O jornalismo do Grupo Thathi tentou entrar em contato com Genival Silva, porém não foi possível até a publicação do texto. O material será atualizado conforme o posicionamento do publicitário.