Em setembro de 2017, Emily Lima, primeira mulher a ocupar o cargo de técnica da seleção brasileira de futebol feminino foi demitida de forma abrupta, com menos de um ano no cargo. O episódio levou Fernanda Haag, historiadora que desenvolve pesquisas sobre futebol desde a sua graduação, a estudar a relação entre trabalho e futebol para as mulheres no Brasil. Na época, a pesquisadora cursava a disciplina Gênero e Trabalho: Desafios Nacionais, Debates Internacionais, ministrada pelas professoras Nadya Guimarães e Helena Hirata, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
“A Emily Lima foi demitida com um tempo de trabalho muito curto e ela não estava tendo resultados ruins. Isso gerou muita discussão no mundo do futebol feminino e eu passei a olhar para esse tema com mais atenção. Decidi pensar as relações de trabalho e a profissionalização do futebol de mulheres no Brasil a partir do caso da Emily, e isso virou uma chave na minha cabeça. Mudei completamente a tese e comecei a estudar o futebol de mulheres”, conta a pesquisadora.
Em 2024, sua tese de doutorado recebeu menção honrosa na quarta edição do Prêmio de Teses Ecléa Bosi, da Associação Brasileira de História Oral. Intitulado “O futebol não foi profissional comigo, mas eu fui com ele”: o futebol como trabalho para as mulheres no Brasil (1983-2023), o estudo foi defendido no programa de História Social da FFLCH em 2023, sob orientação do professor Flávio de Campos.