Transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo

Predisposição genética é um fator de risco importante para o desenvolvimento do transtorno

O transtorno bipolar está relacionado à interação entre fatores biológicos, neuroquímicos e psicossociais/ambientais e se destacam as alterações do humor, como alternâncias entre períodos de depressão, períodos de euforia (do grego, ‘mania’ e hipomania) ou sentimentos mistos. Essas fases são bem definidas e têm duração de alguns dias, até meses. Segundo a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e os sintomas aparecem quase sempre antes dos 30 anos, principalmente entre 18 e 25 anos de idade.

Trata-se de uma condição diretamente relacionada à transmissão hereditária, segundo Doris Moreno, psiquiatra especialista em transtorno do humor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “O transtorno bipolar é a doença psiquiátrica de mais alto risco genético. Dos casos diagnosticados, 80% são por herdabilidade. Quando investigamos o paciente, vemos que a história familiar é de depressão, alcoolismo, transtornos de ansiedade ou uso de drogas, porque são as maiores confusões diagnósticas. A história familiar está presente em praticamente todos os pacientes e muitas vezes vem de ambos os pais”, explica.

A fase de mania é uma das características mais associadas ao transtorno bipolar, onde é comum que o indivíduo apresente um quadro de euforia intensa, aceleração do pensamento, agitação extrema, excesso de energia, desinibição (por exemplo, sexual, gastos excessivos, engajamento em atividades de risco), diminuição da necessidade sono e pensamento de grandeza, podendo cursar com delírios de grandeza e episódios de alucinação.

A hipomania pode ser definida como um quadro mais leve da mania, com sintomas atenuados, menos evidentes e menor perda de controle. As pessoas ao redor notam que o indivíduo está com um funcionamento fora do seu habitual. Faz parte do tratamento desenvolver autoconhecimento para buscar ajuda nas fases iniciais das crises de mania ou hipomania.

De acordo com o DSM.IV e o CID-10, que são manuais internacionais de classificação diagnóstica, o transtorno bipolar pode ser classificado da seguinte forma:

  • Transtorno bipolar: Tipo I

O indivíduo apresenta períodos de mania, que duram, pelo menos, sete dias, acompanhado de sintomas depressivos, que se estendem por duas semanas ou mais. Tanto na mania quanto na depressão, os sintomas são intensos e provocam grandes mudanças comportamentais e de conduta, podendo interferir em diversas áreas da vida.

  • Transtorno bipolar: Tipo II

Há alternância entre os episódios de depressão e de hipomania.

  • Transtorno ciclotímico

É o quadro mais leve do transtorno bipolar, marcado por oscilações crônicas do humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. O paciente alterna sintomas de hipomania e de depressão leve o que, muitas vezes, pode ser interpretado como o próprio temperamento do indivíduo.

  • Transtorno bipolar não especificado

Pode surgir como consequência de outras doenças ou induzido pelo uso de substâncias.

Sintomas e diagnóstico

O diagnóstico de transtorno bipolar é raro durante a infância. Os sintomas geralmente começam a ser manifestados durante a adolescência, com quadros depressivos e os primeiros sinais de euforia. Nessa etapa os indícios da depressão são mais comuns, com destaque para sintomas mistos, ou seja, com impulsividade, rompantes de agressividade, irritabilidade, angústia e desespero.

De modo geral, o transtorno bipolar possui sintomas característicos da depressão, mania e hipomania, sendo eles:

  • Depressão

. Alterações de apetite com perda ou ganho de peso;
. Humor deprimido na maior parte dos dias;
. Fadiga ou perda de energia;
. Desânimo e choro frequentes, desproporcionais;
. Apatia, perda de interesse ou prazer;
. Dificuldade de concentração ou de tomar decisões devido insegurança, medos e indecisões;
. Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio;
. Agitação ou lentificação psicomotora (lentidão na fala e nos movimentos);
. Insônia ou hipersonia (sono aumentado);
. Sentimentos de culpa e inutilidade;
. Desânimo e cansaço mental;
. Tendência ao isolamento social;
. Ansiedade e irritabilidade;
. Diminuição da libido;
. Incapacidade de sentir prazer em atividades que antes da depressão eram agradáveis.

  • Mania e hipomania

. Sensação de extremo bem-estar;
. Pensamento e fala acelerados;
. Agitação e hiperatividade;
. Diminuição da necessidade de sono;
. Aumento da energia;
. Diminuição da concentração;
. Euforia ou irritabilidade;
. Desinibição;
. Impulsividade;
. Ideias de grandiosidade e sensação de “poder”;
. Senso de perigo comprometido.

SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A RAPS é composta por diferentes equipamentos: Unidades Básicas de Saúde (UBS), que idealmente deve ser a “porta de entrada” do cuidado em saúde mental, os Consultórios de Rua, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades de Acolhimento (adulto e infanto-juvenil), Serviços Hospitalares de Referência (leitos em hospitais gerais), leitos em hospitais psiquiátricos e equipes multiprofissionais de atenção especializada em saúde mental (AMENT).

Diferentes níveis de complexidade compõem o cuidado, sendo os CAPS, em suas diferentes modalidades, pontos de atenção estratégicos da RAPS. Serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar, podem ser encontrados.

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