São músicas diferentes, mas juntos, esses dois versos se encaixam perfeitamente.
Essa semana fui levar meu filho ao futebol e decidi tomar uma cerveja ali mesmo enquanto esperava. Talvez se eu estivesse sentada no bar fazendo crochê, o que também não seria problema nenhum, só não faço porque não sei, causaria menos incômodo nas pessoas ao meu redor.
Uma mulher sozinha, tomando cerveja num bar, não deveria causar tanto frisson.
Parem, simplesmente parem e pasmem: Uma mulher pode tomar cerveja ou que ela quiser onde ela bem entender. Ela pode sair pra jantar, pra dançar, ir ao cinema, ao teatro, ao show, e isso não significa que estando ali ela esteja procurando algo ou alguém (e não se preocupe, pois se ela tiver interesse ou quiser a sua companhia, logo você recebe um sinal pra isso).
Nós, mulheres, desde sempre lutamos por algo que já é nosso por direito: a nossa liberdade. Liberdade de ir e vir, liberdade de sermos quem somos, liberdade de usarmos qualquer roupa, sem que isso justifique qualquer ato contra nós, liberdade de expressão sem repressão.
No Brasil, somente a partir de 1879, a mulher passou a ter direito ao ensino primário e secundário.
De acordo com o Código Civil de 1916, a mulher só poderia trabalhar fora caso o marido autorizasse. Somente em 1943 com a Consolidação das Leis Trabalhistas que isso mudou.
No Brasil, as mulheres só foram autorizadas a votar a partir de 1932.
Hoje o maior luxo é ter tempo. Precisamos de tempo até pra respirar, mas acima de tudo precisamos de um tempo pra retirar a capa da heroína que sempre existiu dentro de cada uma de nós e pra isso precisamos ter o nosso momento de vulnerabilidade, momento de assumir nossos pontos fracos, momento pra se admirar, pra se encontrar ou até mesmo se perder.
Em relação aos direitos estamos caminhando assim: sempre um passo à frente e dez a trás, mas caminhamos. Vitória pra nós, e por ela proponho um brinde às minhas amigas héteros, lésbicas, bi, cis trans, de direita, de esquerda, arriba abajo al centro y pa dentro e finalizo com Simone de Beauvoir:
“Que nada nos defina.
Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância.”