Uma parede de 42 m² do Bloco das Exatas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP vai ganhar um tributo às mulheres na ciência. A obra, assinada pela artista plástica Suzana Bertoletti Duquini, retratará três cientistas que revolucionaram suas áreas: Alice Augusta Ball, Marie Curie e Elza Gomide. Ao lado delas, elementos como fitas de DNA, compassos e símbolos da radioatividade vão compor a pintura, reforçando a conexão entre arte e conhecimento científico.
Segundo Suzana, “a obra mostra que mulheres fizeram e fazem parte da produção científica, e também mostra que as mulheres podem e devem fazer parte da construção de ciência em qualquer área do conhecimento”. A professora Daniela Gonçalves de Abreu Favacho, responsável pelo Centro de Ensino Integrado de Química (Ceiq), destaca que a intenção é instigar a curiosidade do público: “Queremos que as pessoas pesquisem mais sobre as mulheres que vão ser retratadas”.
As homenageadas têm trajetórias marcantes. Alice Augusta Ball foi a primeira mulher afro-americana a se formar e lecionar Química na Universidade do Havaí e desenvolveu o Método Ball, tratamento pioneiro contra a hanseníase. Marie Curie foi a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel e a única a conquistá-lo em duas áreas distintas – Física e Química – sendo referência mundial nos estudos sobre radiação. Já Elza Gomide foi a primeira mulher a obter o título de doutora em Matemática no Brasil, contribuindo de forma decisiva para a formação de novas gerações de matemáticos.
A proposta também dialoga com um cenário ainda desigual, pois, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mulheres ocupam, em média, apenas 33,3% dos cargos de pesquisadoras no mundo. A iniciativa faz parte das atividades da Olimpíada Regional de Química, braço extensionista do Departamento de Química da FFCLRP e porta de entrada para a Olimpíada de Química do Estado de São Paulo.
Olimpíada Regional de Química reforça protagonismo feminino
Em sua 23ª edição, com o tema A Química em Transformação, a ORQ reafirma, pelo segundo ano consecutivo, o compromisso de colocar mulheres em posições de destaque. Uma das regras para a participação das escolas é que cada equipe inscrita tenha, no mínimo, quatro alunas, incentivando a presença feminina na competição.
Neste ano, as escolas interessadas em participar da ORQ podem se inscrever até o dia 19 de setembro neste link. A olimpíada, promovida pelo Ceiq, mantém seu formato tradicional em duas etapas.
Na primeira fase, as escolas participantes devem agendar uma visita monitorada ao Departamento de Química, com limite de até 45 alunos por grupo, e os agendamentos, que se encerram no dia 19 de setembro, podem ser feitos neste link. As visitas podem ser realizadas até o dia 26 de setembro.
A segunda fase, marcada para 2 de outubro, será realizada nas próprias escolas inscritas. Cada instituição deverá selecionar dois alunos de cada ano do ensino médio para realizar as provas teóricas e práticas, além de um estudante, de qualquer ano, para elaborar a redação. Todas as equipes devem manter o critério mínimo de quatro participantes do sexo feminino.
Além das provas tradicionais, este ano haverá uma etapa paralela voltada à conscientização ambiental. As equipes deverão gravar um vídeo de até três minutos sobre o plantio simbólico de uma folha fictícia feita em papel plantável, entregue durante as visitas. O material deverá ser enviado ao Ceiq por meio de um formulário eletrônico, disponibilizado uma semana antes da prova.
Desde 2024, a ORQ conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o que, segundo a professora Daniela, “qualificou ainda mais essa ação histórica, na qual o Departamento de Química está envolvido, e ampliou o alcance do público”.
Mais informações e o regulamento completo estão disponíveis no perfil do CEIQ no Instagram: @ceiqusp.
**Por Jornal da USP



