O vice-prefeito de Ribeirão Preto, Carlos Cezar Barbosa, declarou na manhã desta terça-feira (16) que está disposto a agir como um intermediador entre o governo de Duarte Nogueira (PSDB) e os servidores municipais, em greve desde a última quarta (10). Para ele, o acirramento de ambas as partes não pode acontecer e, por isso, alguém deve agir pelo bem de Ribeirão, para que a sociedade não entre em um “desgaste ainda maior”.
A proposta de diálogo feita por Barbosa acontece no sétimo dia de movimento, um dia após a Prefeitura anunciar que vai descontar dos salários dos grevistas os dias não trabalhados durante a paralisação. Antes disso, até ocorreram algumas tentativas de negociação, inclusive com intervenção judicial, mas nenhum acordo foi alcançado. O Sindicato quer reposição salarial e o Palácio Rio Branco afirma não poder arcar com isso, por ser impedido por um apontamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Como divulgado pelo Grupo Thathi, Nogueira apresentou na última segunda-feira (8) uma série de números e dados para justificar a decisão de não promover o aumento do funcionalismo. Durante a coletiva, foi divulgado que, atualmente, os gastos do governo com salários, incluindo os do IPM (Instituto Previdenciário do Município), chegam a casa dos 55,8% do orçamento. O problema é justamente que, segundo o TCE, esse número não poderia passar do 54%.
Para Barbosa, a informação não é sinônimo de impedimento. “Entendo o que diz o TCE, mas também acho que o tribunal de contas não existe apenas para punir o município. Tenho certeza que, se dialogarmos, chegamos a um consenso. O TCE pode estar certo, mas a reposição salarial dos servidores também é constitucional”, disse.
Na tarde desta quinta (16), o vice se comprometeu em se encontrar com parte dos adeptos à greve na sede do Sindicato dos Servidores Municipais, nos Campos Elíseos. A reunião que deve discutir estratégias e saídas da paralisação havia sido primeiramente agendada para acontecer no escritório de Barbosa, mas decidiu-se pela troca do endereço por possível falta de espaço no local.
Falando em espaço, essa foi outra questão discutida pelo político. Em entrevista concedida hoje ao radialista Antônio Carlos Morandini ele afirmou não ter um gabinete no Palácio Rio Branco, onde ele poderia atender a população. “Venho batalhando por uma sala e um funcionário que me ajudaria com os agendamentos. Enquanto não consigo, atendo quem precisar no meu escritório pessoal, arcando com os gastos”.
O presidente do sindicato, Laerte Carlos Augusto, vê o posicionamento de Carlos Cezar como positivo. “Não adianta fazerem terrorismo e ameaças. O que precisamos é de alguém que queria conversar, que zele pela sociedade, assim como o vice está fazendo”, alegou.
Adesões à greve
Apesar de o sindicato afirmar não ser certo e nem verdadeiro contabilizar números sobre a greve, a Prefeitura de Ribeirão Preto divulga diariamente balanços com informações sobre as adesões ao movimento. Segundo e-mail enviado à imprensa às 12h08 desta terça (16), na Educação são 1170 funcionários parados, na Saúde 127 e na Assistência Social 38.
Procurado para comentar as declarações do vice, o Executivo ainda não se pronunciou.
Reportagem: Murilo Badessa.